Homilia – 2º Domingo de Páscoa (24/04/2022) – “A Misericórdia é um ato último e supremo pelo qual Deus, em seu Filho Ressuscitado, vem ao nosso encontro!”
Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no 2º Domingo do Tempo da Páscoa, conhecido como Domingo da Divina Misericórdia!
Esta festa foi instituída por São João Paulo II quando ainda era Papa e devemos perceber o quanto ela é importante, pois a comunidade necessita reconhecer a Misericórdia do Senhor!
Uma comunidade que ainda não superou o medo está presa ao passado e precisa encontrar na misericórdia de Deus a certeza de que Ele se faz presente em sua realidade!
A Misericórdia é um ato último e supremo pelo qual Deus, em seu Filho Ressuscitado, vem ao nosso encontro!
Deus sempre vem ao encontro do ser humano para que ele possa compreender o quanto é amado! O ser humano é uma obra importante das mãos de Deus e não há barreiras que impeçam Jesus de derramar a sua paz e misericórdia sobre nós, enviando-nos em seguida para a missão.
O Evangelho (Jo 20, 19-31) nos diz que as portas do lugar onde os discípulos se encontravam estavam fechadas. Mas, mesmo assim, Jesus entrou, se colocou no meio deles e disse: “a paz esteja convosco!”
Isso nos mostra que um coração endurecido não é motivo para impedir que Jesus entre na vida de uma pessoa. Por mais que as portas de nossas casas estejam fechadas e nosso coração esteja endurecido, desconfiado ou amedrontado, Jesus se coloca em nossa vida para transformar a nossa realidade!
Em nenhum momento Jesus olhou para os discípulos para acusá-los de tê-lo abandonado e negado, pois Jesus é aquele que vem para trazer a paz!
Jesus não vem ao encontro do ser humano para lhe cobrar satisfações, e sim, para mostrar que a sua Misericórdia é infinita, eterna e chega a todos, independentemente de qual tenha sido o pecado cometido!
Nada pode deter a misericórdia de Deus!
O ser humano é uma obra perfeita do Criador e, como não amar uma obra tão perfeita?
Se nós, que somos limitados, amamos aquilo que fazem nossas mãos, como poderia Deus, em sua infinita misericórdia, não nos olhar com tanto amor?
Assim, a liturgia deste Domingo nos convida a percebermos a importância da comunidade, pois ela é o lugar do encontro de Jesus Ressuscitado! Da mesma forma, nossa família como pequena igreja doméstica, também deve ser um lugar de encontro com o Senhor!
A Primeira Leitura, tirada dos Atos dos Apóstolos (At 5, 12-16) nos faz um resumo da vida da comunidade de Jerusalém, continuadora da missão de Jesus: era uma comunidade viva e todos os fiéis se reuniam com muito amor. Eram pessoas benquistas e muitos se sentiam atraídos a esta comunidade, pois viam nela sinais de ressurreição! Por isso, o texto destaca que o número dos que aderiam ao Senhor pela fé era grandioso.
O que atraía as pessoas para a comunidade era a experiência de fraternidade no Cristo ressuscitado.
A comunidade que se encontra no Senhor, permanece no Senhor para partilhar, rezar, chorar, se alegrar e celebrar! Assim, a comunidade deve ser um sinal visível de que Jesus está realmente ressuscitado!
O Salmo (117) no diz que a misericórdia de Deus é eterna! A misericórdia chega a cada pessoa mesmo que ela não se reconheça como amada e perdoada.
Às vezes, ouvimos pessoas dizerem que perderam a fé ou que sua fé está abalada. Isso acontece quando nos distanciamos da comunidade, pois ao nos afastarmos dela perdemos as suas características. A fé não foi perdida, ela permanece ali. O que foi perdido foram as experiências vividas na comunidade: a oração e a partilha da Palavra e da Eucaristia!
Tudo isso é compreendido no Evangelho que ouvimos. A comunidade dos discípulos estava amedrontada e com as portas fechadas. Mas, ela se recupera em Jesus, ao receber Dele o ânimo para superar as perseguições!
Na comunidade encontramos as provas de que Jesus está vivo!
O Evangelho nos mostra dois encontros dos apóstolos com Jesus ressuscitado: “ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: ‘a paz esteja convosco’.”
Um deles, chamado Tomé, não estava presente neste primeiro encontro. Ao receber a notícia de que Jesus havia ressuscitado, ele diz: “se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei!”
O comportamento de Tomé é este pois ele não estava na comunidade! Quando nos afastamos da comunidade não sabemos o que é vivido nela e passamos até mesmo a desconfiar do que ela diz.
Mais de uma pessoa tinha visto a Jesus ressuscitado e mesmo assim Tomé não acreditou! Isso nos mostra que quando nos distanciamos da comunidade perdemos a capacidade de acreditar em Jesus Cristo e nas pessoas. Começamos a duvidar de tudo e esquecemos o significado da Eucaristia e da partilha da Palavra.
Na Missa Dominical, encontramos um espaço para nos encontrarmos com Jesus ressuscitado! Não basta rezarmos em casa ou assistirmos a missa pela TV ou pelas redes sociais, a menos que tenhamos um grande motivo para isso.
Em casa, podemos fazer a experiência de Deus. Mas, não podemos fazer a experiência de Jesus ressuscitado!
Jesus ressuscitado se faz presente onde a comunidade está: “onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí no meio deles”.
Mesmo com as portas trancadas por medo dos judeus, Jesus entra e se faz presente na realidade daquele povo! E como há pessoas com as portas e o coração fechado.
Jesus Ressuscitado vem para libertar do medo e promover alegria! Uma comunidade fechada e amedrontada consegue recuperar-se apenas em Jesus!
O Evangelho relata que Jesus soprou sobre os discípulos. Esse gesto nos lembra aquilo que está escrito no livro do Gênesis, quando Deus criou o ser humano e soprou nele o sopro da vida.
Jesus dá ainda aos discípulos uma missão: “assim como o Pai me enviou, eu também vos envio”. A comunidade não pode ficar fechada e amedrontada e, por isso, deve abrir-se para a evangelização.
Quem não encontra Jesus ressuscitado na comunidade precisa de provas para acreditar, tal como Tomé, que precisava colocar a mão nas Chagas de Cristo.
As dúvidas de Tomé mostram como era a sua experiência na comunidade, desconfiado de tudo. Ele ainda não tinha sua fé amadurecida. sua incredibilidade evidencia que é preciso crescer espiritualmente!
Hoje podemos nos fazer três perguntas:
1) Como está a minha compreensão de comunidade?
Eu vejo a comunidade como um grupinho de pessoas ou como um lugar onde eu encontro Deus?
2) Como eu compreendo o domingo?
O domingo é para mim um dia na semana que me faz lembrar que na segunda-feira preciso trabalhar ou compreendo o domingo como o dia em que o Senhor ressuscitou?
Nós temos a semana inteira para trabalhar e muitas vezes esquecemos o preceito do Domingo de ir à missa.
3) Como compreendo a Eucaristia?
Ao me aproximar para comungar vou como quem vai receber qualquer coisa ou como quem vai receber Jesus Eucarístico
As respostas para essas três perguntas precisam ser bem claras para nós!
Quando compreendermos o significado da COMUNIDADE, do DOMINGO e da EUCARISTIA com certeza conseguiremos viver melhor nossa fé à luz do Cristo ressuscitado e misericordioso!
Jesus misericordioso, eu confio em vós!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †