Homilia – Solenidade da Epifania do Senhor (02/01/2022) – “A Epifania do Senhor é a manifestação extraordinária de Deus”
Queridos irmãos e irmãs, hoje celebramos a Solenidade da Epifania do Senhor, recordando a visita dos Reis Magos ao Menino Deus.
Epifania é uma palavra grega e significa manifestação. É a manifestação da glória de Deus para os povos!
Hoje, no nosso presépio encontra-se a imagem dos três Reis Magos. Como podemos ver, cada um é diferente e possui características de povos diversos:
Há um Rei Negro, representando todos os povos de pele negra, sobretudo do continente africano. Também vemos um Rei de pele bem clara. Ele representa todas as pessoas com tom de pele branca, povos diversos, espalhados principalmente pelos continentes da Europa e América. E por fim, vemos um Rei de pele amarelada. Ele representa todos os povos do continente asiático.
TODAS AS CORES, RAÇAS E LÍNGUAS ESTÃO PRESENTES NO CORAÇÃO DE DEUS!
Os Reis Magos fazem uma experiência diferente: eram pagãos, mas conseguem ver os sinais dos tempos e vão até Jesus.
No entanto, os Magos chegaram ao lugar errado, pois foram procurar o Menino Deus no Palácio de Herodes. Achavam que o rei estaria lá. Se deixaram levar pelos padrões humanos e foram buscar o rei no palácio. Mas, o rei não estava lá, ao contrário, estava numa estrebaria, lugar frequentado apenas por pessoas muito simples.
Assim, observamos que a presença destes três Reis Magos são para que compreendamos que Deus não faz distinção entre as pessoas.
O povo da antiguidade estava esperando pelo Messias e achava que este viria apenas para eles. Mas, nos desígnios de Deus conseguimos enxergar algo diferente: DEUS SE REVELA A TODOS OS POVOS!
Deus não olha somente para aqueles que já tem a vida resolvida ou para os que vivem de aparência, como era o povo de tradição judaica que se sentia a raça escolhida.
Deus olha para os pagãos e eles fazem valer o olhar misericordioso de Deus!
O objetivo dos Magos é claro: mesmo sendo pagãos vão para adorar o Rei dos Judeus e levar seus presentes – ouro, incenso e mirra.
Não se apresentam diante do Rei dos Judeus com as mãos vazias!
O ouro é a representação da REALEZA do Senhor. O incenso é símbolo da sua DIVINIDADE e a MIRRA é a representação da PAIXÃO REDENTORA de Jesus.
A mirra era usada para envolver e perfumar o corpo dos nobres quando estes faleciam. O corpo de Cristo é envolvido com mirra após a sua morte na cruz.
Os Reis Magos reconhecem a REALEZA, a DIVINDADE e o GRANDE AMOR DE DEUS pela humanidade!
Para nós cristãos, a Solenidade da Epifania do Senhor é a manifestação extraordinária de Deus! As leituras que ouvimos nos ajudam a compreender isso de forma muito clara.
Na Primeira Leitura, Profeta Isaias (Is 60, 1-6) nos fala da chegada da LUZ SALVADORA que irá trazer alegria para todos os povos da terra.
Por isso, os reis de peles diferentes aqui são contemplados com a graça de Deus!
Na Segunda Leitura (Ef 3, 2-3a.5-6), São Paulo nos faz entender que a presença do Menino não será destinada apenas aos que são de Jerusalém, mas para todos os povos, pois o Senhor olha para o coração e não para a aparência.
O coração é o lugar onde a graça de Deus foi derramada, é a sede do amor e de nossas emoções!
No Evangelho (Mt 2, 1-12), compreendemos que Deus cumpre a sua promessa, como havia dito aos profetas na antiguidade.
Os Magos confirmam os sinais da chegada do Messias e, por isso, vão até Ele e O aceitam como seu Salvador.
Os Magos, nesta liturgia, podem nos ensinar muito! Eles são a representação dos homens do mundo inteiro que se põem a caminho de Jerusalém com suas riquezas para encontrar o Menino Luz, Salvador da Humanidade!
A estrela que guiou os Reis Magos não é apenas um astro no Céu, mas é o próprio Cristo que ilumina todos os povos e que quer dissipar a cegueira e a escuridão de nosso coração.
Meditemos sobre as atitudes destes personagens: os Magos, os Doutores da Lei e Herodes.
Primeiro, olhemos para os Reis Magos que disseram “vimos sua estrela no oriente e viemos adorá-lo”.
São os homens dos sinais, que sabem ver nas estrelas o sinal da libertação do povo! Deixam tudo e desistem de tudo, enfrentam o cansaço e a distância para irem visitar o Menino Deus. Não desanimam com o desaparecimento da estrela e nem se deixam levar pela indiferença dos habitantes de Jerusalém. Eles conseguem perseverar até o fim e encontram o que procuravam. E ainda oferecem o quem tem de melhor ao Menino Deus.
Os Magos representam os homens de todo o mundo que vão a Jesus e se prostram diante Dele.
São a imagem da Igreja, esta família de irmãos constituída por gente de muitas cores e raças que conseguem ver em Jesus o Filho de Deus e o reconhecem como Senhor de suas vidas!
Olhemos também para os Doutores da Lei, que souberam muito bem indicar o caminho para os Magos, mas eles mesmos não foram capazes de ir a Jesus!
Ficam com seu orgulho e com o medo de perderem o poder!
E por fim, olhemos para Herodes, que de forma gananciosa tinha o poder em suas mãos e teve medo de uma criança indefesa.
Esse Rei poderoso, com sua luxuosa corte teme perder o poder!
Duas atitudes vão se repetir ao longo de todo o Evangelho: o povo de Israel REJEITA Jesus, enquanto os pagãos O ADORAM e O ACEITAM. Isso é verdadeiramente surpreendente!
Herodes e Jerusalém ficam perturbados e planejam matar o Menino Deus. Ao contrário, os pagãos sentem uma grande alegria e O reconhecem como o Senhor da História!
São os pagãos, os mais simples, os considerados como cachorrinhos que recebem o Senhor!
Jesus vai ser rejeitado pelo seu próprio povo, mas será acolhido pelos pagãos que começam a fazer parte do povo de Deus!
Diante de Jesus, as atitudes são diversas: desde a adoração dos Magos à rejeição total de Herodes, passando pela indiferença dos Sacerdotes e Escribas. Estes, conheciam bem as escrituras, mas não foram ao encontro do Messias.
Os Escribas nos ajudam a compreender que não adianta apenas conhecermos as Escrituras ou os Sacramentos.
Não adianta sabermos que o Batismo é o primeiro Sacramento, é preciso fazermos valer a promessa de fidelidade ao Batismo que recebemos. Pouco adianta sabermos que a Eucaristia nos fortalece se não participamos da Comunhão. Não adianta nada conhecermos se não somos capazes de ir ao encontro.
Com quem nós nos identificamos? Com os MAGOS, que se ajoelham e reconhecem o Menino Deus? Ou com os ESCRIBAS que ficaram indiferentes ao nascimento do Salvador? Ou pior, nos identificamos com HERODES e não queremos aceitar a salvação trazida por Jesus?
A lição dos Reis Magos para nós é o itinerário que deve nos ajudar a refletir sobre o processo dos pagãos para encontrar Jesus: estão atentos aos sinais, percebem a salvação e vão de forma decidida ao seu encontro.
A exemplo dos Magos, somos peregrinos, mas devemos estar atentos aos sinais dos tempos e sermos perseverantes mesmo em meio às dificuldades
Os não desanimaram mesmo quando não viram mais a estrela e continuaram a procurá-la.
É preciso sermos fiéis! Apesar da indiferença de tantos católicos, lembremo-nos de sermos fiéis! Fiéis ao nosso Batismo, ao Sacramento do Matrimônio, à Eucaristia que recebemos em cada Missa que participamos.
Com os Reis Magos aprendamos a sermos generosos e oferecermos o que há de melhor em nós: o nosso coração, nosso amor, nosso perdão, nossa misericórdia e nossa gratidão.
Que o Senhor nos ajude e que durante todo este ano possamos, a exemplo dos Reis Magos, nos colocarmos de joelhos diante do Senhor!
Que tenhamos a certeza de que Jesus vem para nos salvar e nos acompanha durante todos os dias do ano, iluminando nossas trevas!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †
