Homilia – 20º Domingo do Tempo Comum – Dia dos Pais (14/08/2022) – “Viver em família significa crescer e amadurecer à luz das provações.”

Meus irmãos e minhas irmãs, este mês de agosto, dedicado às vocações, pede de nós um olhar especial: devemos enxergar no rosto de cada pessoa alguém vocacionado.

 

Nós não viemos a este mundo por acaso, estamos aqui pois fomos convidados por Deus. E, se fomos convidados por Ele, somos chamados a fazer acontecer o seu projeto de amor!

 

A cada domingo estamos rezando por um grupo específico de vocacionados e neste dia, rezamos pela vocação para a vida familiar.

Uma vez me disseram que a vocação mais bonita é a do sacerdote. No entanto, como sacerdote, eu discordo disso, e digo que a vocação mais bonita é para a vida familiar. Sem família nós não temos sacerdotes e nenhuma outra vocação!

 


Como nos dizia São João Paulo II, “o futuro da humanidade passa pela família”.


 

Todos os dons que temos são fruto de uma família. Dessa forma, compreendemos que precisamos olhar com muito carinho e direcionar a nossa oração para as famílias, de modo que possam ser uma reprodução do grande amor de Deus revelado em nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Hoje também rezamos pelos nossos pais. Nesse dia, principalmente para nós que já somos adultos, é como se um filme passasse por nossa cabeça.

Recordamos a convivência que tivemos com nosso pai. Lembramos dos castigos, das palmadas e até das profecias que fizeram, pois os pais também são profetas. Nossos pais profetizaram muito sobre nós, de modo que tudo o que somos hoje, de certa forma, já havia sido dito por eles. Não que eles tivessem o dom de prever o futuro, mas com o seu amor, docilidade e sensibilidade, conseguiam olhar para nós e compreender o caminho que estávamos tomando.

 

Felizmente, muitas das profecias dos nossos pais se realizaram nos trazendo grandes alegrias. Outras também aconteceram, mas não foram igualmente felizes. Muitas vezes, isso aconteceu porque não corrigimos o nosso comportamento.

Preferimos ir pelo caminho da desobediência, fazendo tudo ao contrário do que aconselhavam os nossos pais.

 

Alguns pais também foram muito cobrados por seus filhos que queriam coisas que eles não podiam dar: um carro, um apartamento ou pagar um curso numa faculdade.

 

Quando olhamos para a nossa história e a história de nossos pais, compreendemos algo que não podemos esquecer jamais: eles podem não ter conseguido dar-nos aquilo o que gostaríamos, mas nos deram o principal, a vida!

 

Hoje, a liturgia é muito providencial e nos permite uma reflexão bastante crítica a respeito de como conduzimos a vida em família.

 

A Primeira Leitura (Jr 38,4-6.8-10) que ouvimos foi tirada do livro do Profeta Jeremias. O profeta Jeremias viveu no século XI a.C. e tinha sido escolhido para ir ao rei levar uma profecia.

 

Ficheiro:Profeta Jeremias.jpg – Wikipédia, a enciclopédia livre

 

Esta profecia falava da necessidade de que fosse implantada uma cultura de paz. Naquela época, os babilônios esperavam apenas uma oportunidade para atacar aquele território. Mas, o rei não quis ouvir a profecia e Jeremias.

Jeremias ainda foi insultado e chamado de profeta do pessimismo. Por conta disso, colocaram-no dentro de uma grande cisterna para morrer.

 

Mas, com o passar do tempo, as pessoas viram que as coisas que Jeremias disse estavam acontecendo: o povo já estava passando fome e sendo atacado. Então, pediram ao rei para que tirasse Jeremias da cisterna.

 

O profeta não é e nunca foi um vidente. Ele é alguém que através da contemplação e da oração consegue compreender o presente e, a partir desta compreensão, vê em qual direção chegará o futuro.

 


Esse é o papel do profeta e também dos pais e mães de família: devem olhar para a realidade de seus filhos e ajudá-los a escolher o melhor caminho. Os pais são profetas de nossos tempos!


 

Quantas vezes nossos pais disseram que algo não iria dar certo e no fim, não deu. Eles não fazem isso por serem pessimistas, mas porque conseguem fazer uma leitura de nossa realidade.

 

Da mesma forma, o Profeta Jeremias fez uma leitura da realidade e, contemplando a graça de Deus foi capaz de denunciar o que estava errado ao rei.

 

A Segunda Leitura (Hb 12, 1-4) da carta aos Hebreus, nos convida a permanecermos firmes diante das provações.

 


Viver em família significa crescer e amadurecer à luz das provações.


 

Todos temos provações! Também os padres e diáconos sofrem com as perseguições.

Talvez hoje nossas famílias achem muito bonito sermos padres ou diáconos e servirmos à igreja. Mas, quantas críticas sofremos por termos decidido fazer a vontade de Deus em nossa vida!

 

O que é a família natural?

 

No Evangelho (Lc 12, 49-53), Jesus usa palavras duras para os discípulos compreenderem que terão dificuldades, afinal, aquele que abraçou o seu Ministério e decidiu seguir Jesus, tem muitas dificuldades.

Você como pai ou mãe de família já teve dificuldades? Certamente teve muitas! As dificuldades de convivência no primeiro ano de matrimônio, no nascimento do primeiro filho, nas tentativas de interferência dos sogros, na opinião dos parentes.

 

Tudo o que Jesus disse aos apóstolos foi para que eles tivessem consciência das dificuldades que abraçariam, mesmo em suas famílias

 

Por vezes, optamos por amar pessoas que não conhecemos e deixamos de amar aqueles que convivem conosco e nos dizem a verdade. Frequentemente, não queremos ouvir a verdade. Preferimos sorrir com uma mentira ao invés de chorarmos com a verdade.

 

As lembranças que temos de nossos pais não ficam em nós por acaso, mas servem para nos lembrar de onde viemos e daquilo que ainda precisamos aprender para crescermos e amadurecermos.

 

Hoje, se inicia a Semana de Oração por nossas famílias. Há exatos 30 anos começava no Brasil a pastoral familiar. Neste ano, iremos refletir sobre o tema “amor familiar, vocação e caminho de santidade” e somos convidados a rezarmos por nossas famílias.

 

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As famílias são geradoras de vocações e de dons para toda a humanidade!


 

Que a família é a nossa? Família de amor ou de ódio? Que tipo de cristãos nós estamos formando em nossas famílias? Estamos gerando cristãos conscientes de sua missão na igreja?  Como ainda precisamos investir em nossas famílias! Como precisamos rezar juntos, compreender e ouvir cada um!

A presença também é importante na família. Um dia, nossos pais também partirão para a eternidade e não estarão mais conosco. Portanto, enquanto eles ainda estiverem aqui lembrem-se do respeito que devem ter para com eles. Mesmo que digam palavras duras, escutem-nos.

 

Lembrem-se também da Caridade que devem ter para com seus pais, pois conforme nos diz a Escritura, ela jamais será esquecida por Deus!

 

Que nesse Dia dos Pais, não fiquemos apenas com a imagem que nos passa o comércio, pois sem dúvida, o que os pais mais desejam receber não são presentes, mas o carinho e o reconhecimento de seus filhos.

 

Parabéns, pais pela sua vocação e missão! Parabéns pelos seus conselhos, carinho e paciência.

 

FELIZ DIA DOS PAIS!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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