Homilia –12º Domingo do Tempo Comum (19/06/2022) – “Quando compreendemos quem é Jesus, também compreendemos quem somos nós!”

Meus irmãos e minhas irmãs, nós iniciamos o Tempo Comum. Depois de todo o tempo da Páscoa, após celebrarmos a Ascenção do Senhor, a Solenidade de Pentecostes, da Santíssima Trindade e de Corpus Christi, retomamos o Tempo Comum.

 

Esse período é chamado de tempo comum não porque não tenha importância, mas porque é um tempo em que iremos acompanhar Jesus em toda a sua vida pública, com os seus milagres, pregações e o anúncio do Reino de Deus.

 

A liturgia de hoje já começa nos convocando a compreendermos QUEM É JESUS.

 

Para compreendermos quem é Jesus, precisamos primeiramente, fazer o mesmo exercício que os apóstolos fizeram. No início do Evangelho (Lc 9, 18-24), lemos: “certo dia, Jesus estava rezando num lugar retirado e os discípulos estavam com ele”.

 


Assim, meus irmãos, compreendemos que a oração é a ocasião oportuna para compreendermos quem é Jesus em nossa vida!


 

E digo mais, além de compreendermos quem é Jesus, pela oração somos capazes de compreender quem somos nós. Também é pela oração que nos virá a compreensão de nossa missão.

 

Estas três perguntas se fazem muito necessárias em nosso cotidiano: 1º sabermos quem é Jesus, 2º quem somos nós e 3º para qual missão fomos chamados.

 

Quando perguntamos a uma pessoa: “quem é você?”, ela imediatamente responde o seu nome. Se for alguém um pouco mais ousado pode até dizer o seu nome completo. E quando pedimos para alguém falar sobre si, poucas palavras vêm.

 

As leituras de hoje nos ajudam a compreender que é pela oração que discernimos quem somos e quem é Jesus

Jesus é o Messias de Deus, o que realiza a libertação do gênero humano em suas mais diversas dimensões, sejam elas físicas psicológicas ou sociais. Todos os Milagres de Jesus vêm acompanhadas dessas três dimensões.

 


Jesus é o caminho que conduz para Deus, a verdade é que nos liberta e a vida que nos enche de alegria!


 

Tudo isso só é possível de ser compreendido à luz da Palavra de Deus e pela experiência da oração.

 

Na profissão de fé de São Pedro ele nos diz que Jesus é o Messias, mas o que isso significa?

 

Pedro professa a fé em Cristo

 

Na Primeira Leitura (Zc 12, 10 – 11;13,1), o profeta Zacarias no diz como deve ser o Messias: um homem justo, inocente, transpassado. Um servo sofredor e que desperta uma atitude de conversão para Deus! Nós vemos tudo isso em Jesus Cristo!

 

Na carta que São Paulo escreve aos Gálatas (Gl 3, 26-29), ele diz que é “pelo batismo fomos revestidos de Cristo”, por isso, devemos renunciar a uma vida de egoísmo e de pecado.

Quem compreendeu Jesus como o Messias manso e humilde, aquele que dá a sua vida e se faz sofredor pelos nossos pecados, consegue se revestir de Jesus para viver uma vida em Deus e em comunidade, numa compreensão de amor, de caridade e de misericórdia.

 

O que vale, nos dizia São Paulo, não é ser judeu nem grego, nem escravo ou livre, nem homem ou mulher. Já naquela época era possível ver muitas formas de divisões e de separações e São Paulo vem recordar que todos somos um só em Jesus Cristo.

 

Quando fazemos separações em grupos corremos o grande risco de estabelecermos comparativos entre um grupo e outro. Mas, em Jesus Cristo todos somos um só.

 

Na pergunta que Jesus faz aos discípulos, também encontramos uma compreensão distorcida do significado de Messias. Jesus está na Galileia e, depois de ter rezado com os apóstolos, provoca-os para que digam o que o povo diz a respeito dele.

 

As respostas que vêm são muito aleatórias e sem nenhuma solidez: “alguns dizem que é João Batista”. ora João Batista havia sido decapitado. Alguns dizem que é Elias ou algum dos profetas do Antigo Testamento. Eles não têm Claro quem é Jesus.

 

O que nos impressiona é o fato dos discípulos conviverem com Jesus e não conseguirem dar uma resposta direta, como talvez nós hoje poderíamos dar: é o filho de Deus, o Messias, o escolhido.

 

Mas, vemos que quando São Pedro diz: “tu és o Cristo de Deus”, surge uma preocupação muito grande:

O título de Messias, naquela época, trazia uma forte conotação política e aqui há um grande erro. O povo de Israel se encontrava sobre o domínio dos romanos e eles esperavam um Messias que viesse para libertá-los dessa dominação.

 

O significado de Messias para eles era confuso e estava muito mais no âmbito político que religioso salvífico. Por isso, Jesus proíbe que os discípulos digam que ele é o Messias, para que o povo não fizesse essa confusão.

 

O mais interessante é que Jesus aproveita a ocasião para dizer: “o filho do homem vai sofrer muito, vai ser rejeitado pelos mestres da lei e pelos anciãos. Eles o levaram até a cruz e ele será crucificado”.

Imaginem o quanto isso deve ter sido impactante para aqueles apóstolos que estavam fazendo a experiência de descobrir quem é Jesus. Quem sabe, também eles esperassem um Messias que viesse para destruir a nação que escravizava o seu povo. Mas, de repente, ele se apresenta como um servo sofredor e não como o político poderoso que eles distorcidamente esperavam. Esta afirmação deve ter deixado muitos dos apóstolos desnorteados.

 

Cremos em Cristo crucificado?

 

Jesus quer afirmar que o caminho do discípulo é também o caminho do servo sofredor. Por isso, Ele diz: se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua Cruz cada dia e siga-me.

 

Para seguir a Jesus, precisamos ter em conta esses três passos.

O primeiro deles é RENUNCIAR A SI MESMO.

É muito difícil renunciarmos aquilo que temos como orgulho, às nossas ambições pessoais, as ilusões de conhecimento e de sabedoria. É difícil renunciarmos a tudo isso para fazermos a experiência de um servo sofredor!

 

A segunda atitude é TOMAR A CRUZ A CADA DIA.

Isso significa abraçar as dificuldades diariamente! Teremos dificuldades todo o tempo, mas Jesus mesmo disse: no mundo tereis tribulações, mas coragem eu venci o mundo! Tomar a Cruz é assumir a missão a que fomos chamados! Podemos reclamar que temos muitas cruzes para carregar, mas também devemos lembrar que muitas vezes nós nos tornamos Cruz para a vida dos outros.

 

E por fim, SEGUIR JESUS.

Para seguir Jesus é preciso desapego. Para fazermos uma caminhada com tantas dificuldades, é preciso renunciarmos a muita coisa! Quantas vezes precisamos renunciar a momentos que, aparentemente, seriam muito agradáveis, mas escolhemos fazer a experiência de estar na comunidade, visitar os doentes, buscar alimentos para os que precisam… Tudo isso requer muito desapego de nós mesmos, pois significa deixar de lado o conforto.

 

A pergunta que Jesus faz aos discípulos é ainda uma pergunta muito atual. Não é apenas uma sondagem de opiniões, pois não é suficiente saber o que as pessoas dizem de Jesus. O mais importante é sabermos o que diz a nossa experiência, a nossa vivência de fé!

 


Jesus é aquele que está no centro de nossa existência! Por isso, quando compreendemos quem ele é, também compreendemos quem somos nós!


 

Somos imagem semelhança do Criador e, se é assim, nós viemos ao mundo para continuarmos a sua missão!

 

Jesus transformou a nossa realidade! Basta olharmos para a nossa história e veremos isso. Ao longo do tempo, crescemos muito como a pessoa, crescemos espiritualmente! A resposta que hoje damos à luz da fé e da consciência que temos de nós mesmos é fruto da experiência da nossa missão!

 

Hoje, cada um de nós deve responder a esta pergunta: QUEM É JESUS? Mas, também devemos nos perguntar quem sou eu HOJE, depois que conheci Jesus? quem sou eu depois do contato com a Palavra? Quem sou eu hoje depois de receber a Eucaristia?

Jesus é para mim o filho de Deus, meu Salvador e Senhor? Minha vida é um segmento a Jesus ou eu somente faço isso quando não tenho mais nada para fazer?

 


Devemos ter claro que a nossa identidade é de discípulos e missionários de Jesus! O discípulo é o que se encontrou com Jesus, segue-o e busca moldar a sua vida segundo aquilo que Ele ensinou.


 

Assim, meus irmãos e irmãs, que a Palavra de Deus durante toda esta semana nos ajude a termos uma fé mais profunda em Nosso Senhor Jesus Cristo, tomando a cruz que recebemos, assumindo a missão que temos que levar adiante, sem murmurar. Que Ele nos ajude a dizermos “muito obrigado, Senhor por dar-me a vida, a capacidade, a inteligência e a sabedoria de levar adiante a minha missão”.

 

Se temos trabalho é porque temos saúde, e se temos saúde é porque Deus nos concede a graça a cada dia! Por isso, agradeçamos sempre ao Senhor!

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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