Homilia – Solenidade de Pentecostes (05/06/2022) – “O Espírito Santo nos dá o sete dons para colocarmos nossa vida ao serviço!”
Meus irmãos e minhas irmãs, hoje, no dia de Pentecostes, se realiza plenamente a promessa que Jesus havia feito aos seus apóstolos: “preciso voltar ao pai para enviar o Espírito Santo”.
O Espírito Santo é o nosso MESTRE INTERIOR! é Ele quem guia o discípulo na verdade e transforma interiormente a vida do ser humano em sua maneira de pensar, agir, ver o mundo e toda a obra do Criador! É o Espírito quem dá a força e a capacidade de nos colocar em missão após escutarmos a Palavra do Senhor!
O Espírito Santo é a ALMA da minha alma, a VIDA da minha vida, o SER do meu ser! É o meu SANTIFICADOR!
Como cantávamos na Sequência, Ele é o hóspede mais profundo do meu interior!
Recebemos o Espírito quando fomos batizados e ao sermos confirmados, para que todas as nossas ações sejam conduzidas por ele.
Para chegarmos à maturidade da fé é preciso que a nossa relação com o Espírito Santo seja cada vez mais consciente e pessoal. É em nossa oração e, sobretudo nos momentos de silêncio, que podemos escutar o Espírito Santo que está em nós.
É o ESPÍRITO DA VERDADE quem conduz a nossa maneira de viver na comunidade! Apenas quem faz a experiência de comunidade consegue perceber a ação do Espírito Santo. Quem se distancia da comunidade não consegue entender essa profundidade.
Nesse dia, nós recordamos com alegria a confirmação do nosso batismo:
A Crisma, confirmação Batismo, não deve ser entendida como um certificado e sim como uma preparação para a missão! Até o dia em que recebemos o Sacramento do Crisma fomos acompanhados por nossos catequistas. Após esse momento, já nos tornamos preparados para evangelizar, pois o Espírito Santo de Deus passou a habitar em nós!
A Primeira Leitura (At 2, 1-11), tirada do livro dos Atos dos Apóstolos, nos faz recordar o grande evento de Pentecostes, que transformou a vida e a realidade dos apóstolos naquela época.
Essa transformação não aconteceu para que eles permanecessem do mesmo jeito ou retornassem a sua vida anterior. O Espírito foi enviado para que eles compreendessem a necessidade de anunciar a Boa Nova do Reino.
No Antigo Testamento, 50 dias após a celebração da Páscoa, passagem para a Terra Prometida, o povo de Israel recebeu as tábuas da Lei e fez a sua Aliança com Deus. Isso era o que os judeus celebravam como o Dia de Pentecostes.
No Novo Testamento, a Festa de Pentecostes ganha um novo significado: passados 50 dias da ressurreição do Senhor, o discípulos não recebem as tábuas da lei para orientar as suas vidas, mas o próprio Espírito Santo de Deus para conduzi-los em sua missão, de modo que sejam capazes de dizer palavras acertadas e revelar as sagradas escrituras a todos os povos.
Já não somos mais conduzidos simplesmente pelas leis de Moisés, mas pelo próprio Espírito Santo de Deus!
Através do Espírito Santo a Igreja fala a língua de cada povo e acima de tudo a língua do amor!
Ao retornarmos ao capítulo 11 do livro do Gênesis, vemos na história da Torre de Babel que as pessoas com seus interesses próprios, numa linguagem egoísta e com um amor interesseiro não conseguem se entender.
Por isso, a comunidade deve ser um lugar de escuta, partilha e compreensão, obedecendo ao pedido insistente de Jesus: “se me amais guardareis as minhas palavras”.
O amor é determinante para a vida de comunidade! A linguagem de Babel dividiu os povos e não gerou compreensão! A linguagem da Igreja, ao contrário, uniu a todos!
A palavra católico tem origem grega: Kata – junto – e Holus – todo, ou seja, todos juntos: uma só Igreja, uma só Liturgia! As mesmas leituras que foram proclamadas hoje para nós, foram proclamadas em toda a nossa diocese, no Brasil e no mundo! Nós somos uma só nação no Corpo de Cristo!
Isso nos dá um sentimento muito profundo de pertença, pois mesmo que estejamos em lugares diferentes, somos um só povo! Tudo nos une pelo amor! A palavra é a mesma em qualquer lugar no mundo, mudando apenas o idioma!
O que celebramos, na verdade é o amor de Deus presente em sua Palavra: “se me amais guardareis a minha palavra”.
São Paulo, na Segunda Leitura (1Cor 12, 3b-7.12-13), afirma que todos os que se deixam conduzir pelo Espírito Santo de Deus são filhos de Deus: “irmãos vós viveis segundo o espírito, não deveis ser conduzidos pela carne”.
Se deixamo-nos conduzir por nossas vontades e paixões, abandonamos a ação do Espírito Santo
Isso pode ser visto de forma muito clara quando Jesus diz: “se alguém me ama guardará a minha palavra”.
Quando conseguimos guardar as palavras do Santo Evangelho compreendemos que nada pode nos diferenciar uns dos outros, pois o que nos une é o amor!
Hoje, também devemos perceber que o Espírito Santo de Deus presente em nossa vida está igualmente presente nas pessoas que fazem parte da comunidade. E os dons não podem ficar esquecidos!
O primeiro dom do Espírito Santo é a SABEDORIA!
A Sabedoria é o dom que nos leva a distinguir aquilo que é essencial do que não é importante para a nossa vida. Por meio dela, somos capazes de escolher o bem em meio a tantas ilusões e alternativas sedutoras que se apresentam diante de nós e confundem nossa maneira de pensar.
O segundo dom é a INTELIGÊNCIA.
É a inteligência que nos faz compreender o sentido das coisas: nossa existência, o chamado de Deus, o amor de nosso Senhor Jesus Cristo pela humanidade, a Eucaristia, os Sacramentos, os ritos litúrgicos e o próprio mistério da Santíssima Trindade.
O terceiro dom é a FORTALEZA.
O dom da Fortaleza nos concede a coragem necessária para a vida, de modo que sejamos capazes de enfrentar os desafios que encontramos em nosso dia a dia, seja na família no trabalho, nos estudos ou na comunidade.
O quarto dom é o TEMOR DE DEUS.
É este dom que nos ajuda a querer Deus sempre próximo a nós! Com o Temor de Deus vemos o Senhor como alguém muito importante e que não pode ser deixado de lado. O temor não significa medo e sim um grande amor! O Temor de Deus nos ajuda a evitar tudo o que nos afasta Dele, sobretudo o pecado! É o dom que nos faz respeitar e adorar a Deus!
O quinto dom é o CONSELHO.
Com ele somos capazes de aconselhar os nossos irmãos e orientá-los. É um dom muito importante para os sacerdotes, os Bispos e o Papa! Também é essencial na vida dos pais para que possam orientar corretamente seus filhos. Como precisamos deste dom para aconselhar as pessoas e levar-lhes uma palavra de ânimo e Esperança!
O sexto dom é a PIEDADE.
A piedade é graça de Deus na alma, proporcionando um relacionamento filial e profundo com Deus mediante a oração e as práticas piedosas. Muitas pessoas dizem que têm dificuldade de rezar e ao iniciar a oração acabam dormindo. Isso certamente acontecerá se você rezar deitado. Experimente colocar-se de joelhos, numa postura piedosa. Assim, dificilmente irá dormir. Devemos pedir constantemente a Deus o dom da Piedade para que possamos rezar cada vez melhor.
E por fim, o dom da CIÊNCIA.
A ciência é um dom Divino que aperfeiçoa nossas capacidades e nos ajuda a compreender a realidade como uma obra da fé e da razão. A fé e a razão não são realidades opostas, e sim, um caminho através do qual a fé leva à razão e a razão conduz à fé. Tal qual o dom da Inteligência, a Ciência não está pautada no academicismo, mas numa sabedoria muito mais profunda que chega ao íntimo do nosso ser.
O Espírito Santo nos dá o sete dons para colocarmos nossa vida ao serviço!
Não teria sentido algum sermos batizados e depois confirmados apenas para termos um “certificado”. Recebemos mais que isso: o próprio Espírito Santo de Deus! Ele foi derramado em nós para que, através de seus dons, a nossa missão seja realizada com muito amor!
Que esse amor seja determinante em nossa vida, na vida de nossa família e da comunidade!
VEM ESPÍRITO SANTO!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †
