Homilia – Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor (10/04/2022) – “Dizemos VIVA AO REI DE NOSSA VIDA, ou CRUCIFICA-O?”
Meus irmãos e minhas irmãs, iniciamos hoje a SEMANA MAIOR, a SEMANA SANTA.
Neste Domingo, os ramos que trazemos nas mãos significam a vitória! Com eles, nos unimos àquela multidão que gritava: Hosana ao filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
Enquanto os nobres entravam em Jerusalém montados em cavalos e carruagens, o Filho de Deus entra na cidade de forma muito simples: montado num jumentinho e acompanhado de pessoas simples!
Estes ramos que nós trazemos hoje nos fazem lembrar que fomos batizados e somos filhos de Deus, membros do corpo místico de nosso Senhor Jesus Cristo!
Isso nos faz participantes da Igreja e defensores da fé, tantas vezes agredida por aqueles que querem apagar a história de Cristo e a destruir a religiosidade, ofuscando até mesmo o significado da Semana Santa, que deveria ser de penitência, comoção e piedade:
Vemos que o mundo deseja um Carnaval de aparências, com máscaras que escondem o sofrimento de um povo tão marcado pela pandemia ou pela precariedade da educação.
Neste Domingo de Ramos lembramos também que estamos unidos a nosso Senhor Jesus Cristo e caminhamos com ele para entrarmos na cidade de Jerusalém e vivermos a sua paixão, morte e ressurreição!
Mas, não podemos ficar mortos lá na Cruz, precisamos ressuscitar com Cristo! Temos de fazer um caminho em direção ao calvário, sim! No entanto, também devemos chegar à ressurreição!
A celebração de hoje começa com muita alegria e com um ar bastante festivo: com os ramos nas mãos dizíamos “Hosana” e lembrávamos o povo que entrou na cidade de Jerusalém saudando Jesus como rei!
O povo estende os mantos para que Jesus possa passar sobre eles e abençoá-los! Os fariseus neste momento o criticam: manda que teus discípulos se calem. Mas, a resposta de Jesus é direta: se eles se calarem, as pedras gritarão!
Depois do Evangelho da Proclamação da Paixão do Senhor (Lc 23, 1-49), somos tomados por um sentimento de comoção e de reflexão.
É como se a celebração começasse de forma muito feliz, e agora somos tomados por uma grande tristeza, após refletirmos as injustiças sofridas por Jesus e que, infelizmente, ainda hoje acontecem!
Depois de proclamarmos a Paixão do Senhor, vemos a nossa entrada na Semana Santa que nos convoca à penitência e a um olhar mais direcionado à nossa vida espiritual!
O Profeta Isaías, na Primeira Leitura (Is 50, 4-7), nos falava da missão do servo sofredor, que mesmo em meio aos sofrimentos, não deixou de realizar o projeto de Deus para que todos o conhecessem!
Os primeiros cristãos entenderam que este servo sofredor não poderia ser outro a não ser o próprio Cristo, pois todas as características apontavam para Jesus.
Também São Paulo, na Segunda Leitura (Fl 2, 6-11), diz que Jesus, o servo de Deus foi humilhado até a morte, mas venceu a morte e ressuscitou!
São Paulo no faz um chamado para compreendermos se o nosso projeto coincide com o projeto de Deus!
De que lado estamos? Do lado da vida ou da morte? Dizemos VIVA AO REI DE NOSSA VIDA, ou CRUCIFICA-O?
O Evangelho também nos convida a olharmos para o sentido da morte de Cristo!
Precisamos recordar que, conforme as escrituras, o Cristo veio para que todos tenhamos vida! Ele veio anunciar a graça do Senhor e proclamar a libertação aos castivos! Ele veio salvar os que estavam perdidos e concretizar o projeto de Deus!
Para realizar esta missão, Ele andou por muitos lugares e recebeu duras críticas, até que foi julgado e condenado, mesmo sendo inocente!
Ele veio para todos e foi acolhido por poucos
As autoridades se sentiram incomodadas e, por inveja, tramaram contra Jesus: prenderam-no, julgaram-no, condenaram-no e pregaram-no na Cruz!
Mas, a morte não teve poder suficiente! A morte de Jesus foi uma consequência do seu anúncio do Reino que provocou muita resistência, principalmente por parte dos poderosos.
No entanto, tudo isso já havia sido profetizado por Simeão quando Jesus foi apresentado no templo: “este menino será causa de queda e de erguimento para muitos, será causa de contradição”
Somos convidados neste dia a começarmos verdadeiramente a Semana Santa com um novo ardor!
Depois de um tempo de pandemia, aqui nos reunimos para iniciarmos a Semana Santa! Temos a oportunidade de estarmos reunidos como igreja e há 2 anos não podíamos fazer isso!
Que a celebração de hoje nos motive a acompanharmos essa semana para que seja verdadeiramente santa, uma semana maior! Não maior no número de dias, mas na grandiosidade da espiritualidade que deve revigorar nossa fé, a partir da vivência dos mistérios da paixão, morte e ressurreição!
Os ramos que trazemos em nossas mãos também não devem servir de superstição, amuleto ou decoração! Eles devem ser um sinal visível do compromisso assumido com o nosso Senhor Jesus Cristo!
Os ramos devem nos recordar que fomos batizados e que caminhamos com Jesus, reconhecendo o seu poder, sua majestade e sua grande misericórdia por cada um de nós!
Hoje, a CNBB faz a coleta nacional da Campanha da Fraternidade, que acontece todos os anos no Domingo de Ramos.
A coleta realizada hoje nas missas em todo o Brasil é destinada à CNBB, de modo que possa realizar o projeto a que Jesus nos chamou!
Que nesse dia, o nosso gesto concreto possa ser fruto de nossa generosidade e nos una a nossos irmãos para que junto com o Cristo possamos dizer: EU VIM PARA QUE TODOS TENHAM VIDA E VIDA EM ABUNDÂNCIA!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †