Homilia – 2º Domingo do Advento (05/12/2021) – “O Advento é um tempo favorável para o nosso êxodo pelo deserto, para a reflexão de nossa caminhada!”

Meus irmãos e minhas irmãs, é com alegria que iniciamos mais uma semana em preparação para celebrarmos o Natal do Senhor.

 

Esta é a segunda semana do tempo do Advento e nela somos convidados a preparar os caminhos do Senhor, ouvindo a voz de São João Batista.

João Batista é aquele que aparece como a voz no deserto fazendo um forte apelo à conversão. Ele é o grande pregador do advento que, ainda hoje, nos ensina a preparar o caminho de Jesus para que possamos recebê-lo no Natal.

 

Este domingo nos convida a fazermos a experiência do deserto, como fez João Batista. Isto é necessário para que observemos os excessos que estão à nossa volta.

Um dia, quando eu era seminarista e morava no Rio de Janeiro, após o almoço chegou um pedinte tocando a campainha. Eu fui atender a porta e ele pediu comida. Um colega foi-lhe preparar um prato e eu, muito curioso, fui conversar com ele e observei o que carregava no saco que trazia consigo: havia um copo quebrado, um chinelo sem as correias, um pedaço de madeira e algumas outras coisas quebradas. Eu lhe propus trocar o que ele tinha por roupas e um chinelo novo, mas para minha surpresa, ele se negou.

 

Esse episódio me trouxe uma reflexão oportuna para o dia de hoje: por vezes, nós carregamos sacolas pesadas e nem nos damos conta que trazemos às costas coisas que não vale nada, como o peso das nossas culpas, pecados, vaidades e tantas coisas fúteis que nos pesam na consciência e no corpo.

 

Podemos olhar e criticar a atitude do pedinte, mas quantas vezes nós carregamos no coração e na consciência, sacolas pesadas com coisas que não nos acrescentam em nada?

Neste domingo, a Liturgia nos convida a irmos a deserto com João Batista e nesta experiência, não se pode ir com sacolas pesadas!

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Para ir ao deserto com João Batista e preparar o caminho do Senhor é preciso deixar de lado os excessos, do contrário, não conseguiremos caminhar e ainda nos cansaremos com mais facilidade.

 


Preparar os caminhos do Senhor significa tirar tudo aquilo que não nos ajuda a caminhar ou que nos impede de ver onde Jesus está!


 

Na Primeira Leitura (Br 5, 1-9), o profeta Baruc faz uma profecia cheia de esperança e alegria, dizendo que o próprio Deus preparará um caminho para o regresso daquele povo tão sofrido.

 

Por isso, ele diz: “abaixará os montes, encherá os vales e aplainará o chão, a fim de que Israel caminhe com segurança”.

 


O Advento é um tempo favorável para o nosso êxodo pelo deserto, para a reflexão de nossa caminhada!


 

É uma pena que por vezes nós queremos abortar o tempo de Advento e irmos direto para as festas de Natal.

Como é importante o Advento para que a cada semana nos preparemos melhor para o Natal, de modo a tirarmos da nossa vida os excessos e observarmos o que realmente importa!

 

Esse é o tempo favorável para nos desfazermos daquilo que nos impede de vivermos a esperança, a liberdade e a alegria!

 

Há pessoas que se sentem tão vazias que saem para comprar compulsivamente e, ao retornarem, percebem que o vazio ainda continua lá.

 


O vazio interior jamais poderá ser preenchido com aquilo que é externo. Este é um vazio de Deus e só Ele pode preenchê-lo!


 

Quando o profeta diz que é preciso ENCHER OS VALES é para percebermos que precisamos preencher-nos de Deus, para que a alegria seja verdadeira!

 

São Paulo, quando escreve a carta aos Filipenses que ouvimos na Segunda Leitura (Fl 1, 4-6.8-11), faz um apelo para crescermos na comunidade através do AMOR FRATERNO.

 

Este amor deve ser comprometido com todos! Não pode ser um amor egoísta, mas deve nos levar a partilhar a riqueza de conhecimentos que temos:

Com nossa fé, nossa espiritualidade e nossa história podemos enriquecer a comunidade! Por isso, o amor fraterno se faz tão importante, pois não só é testemunho para o outro, como também me faz compreender a minha importância!

 

E como é bom nos sentirmos importantes na família e na comunidade! Quando sentimos que nossa presença não é importante, nós desanimamos e não queremos mais estar ali! Por isso, é tão necessário partilharmos aquilo o que o Senhor nos concedeu como graça!

 

O Evangelho (Lc 3, 1-6) se inicia com a citação dos nomes daqueles que governavam na época. Esta indicação é importante para percebermos o tempo: se passaram 300 anos desde o último profeta até João Batista.

 

João Batista é o último dos profetas! Ele vem anunciar que o Messias chegará para libertar o seu povo e inicia sua pregação no deserto!

O deserto na história de Israel nos lembra muitas coisas. Após a libertação do povo, ele caminhou em direção à Terra Prometida pelo deserto. Este era um povo cheio de ganâncias e com muitas vontades más que precisou ser purificado, justamente no deserto.

Tempo de recalcular a rota no deserto - Vocacional

No Advento, nós precisamos REFAZER O NOSSO COMPROMISSO DE CRISTÃOS BATIZADOS, assim como o povo fez a aliança com Deus no deserto.

 

O Advento deve ser um TEMPO DE ESPERANÇA, como foi o deserto para o povo em busca da Terra Prometida.

Devemos crer que ao celebrarmos o nascimento do Menino Deus nós teremos dias melhores! Quantas dificuldades enfrentamos neste tempo de pandemia e, mesmo assim, nos acompanhou o Senhor, nos fortalecendo na esperança!

 

Hoje, no anúncio de João Batista nós encontramos um apelo à CONVERSÃO: “preparai os caminhos do Senhor, endireitai as suas veredas” e um convite à ESPERANÇA: “todos verão a salvação que vem de Deus”.

 

João é aquele que vem para dar testemunho e, por isso, faz a experiência do deserto para ESCUTAR A VOZ DE DEUS.

 


Para escutar o Senhor, precisamos silenciar!


 

Mas também é preciso DESPRENDIMENTO, manifestando a SOBRIEDADE no comer e no vestir.

 

Notemos a experiência de João: ele se alimenta de mel silvestre e gafanhotos e se veste com pele de animais. É um homem simples e moderado em tudo!

 

É preciso também PREENCHER OS VALES. Além de nos desfazer dos excessos, precisamos preencher o vazio interior com a presença de Deus! Precisamos resgatar a experiência de sermos família, de estarmos juntos!

 

É necessário ainda APLAINAR OS MONTES, ou seja, abaixar o nosso orgulho e autossuficiência.

 


Os mais humildes encontraram o menino Deus. Os poderosos tentaram encontra-Lo, mas não conseguiram!


O Menino Jesus nasceu para nós

 

Que façamos a experiência da humildade que nos testemunha São João, para podermos celebrar bem o Natal do Senhor com o coração limpo!

 

Que no Natal, possamos dizer “Senhor, eu fiz uma boa preparação e agora, podes entrar em minha casa, em minha vida”.

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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