Homilia – Solenidade de Nossa Senhora Aparecida (12/10/2021) – “A Mãe é por excelência a que vem para interceder”
Meus irmãos e minhas, que alegria podermos hoje nos reunir para celebrarmos a festa de nossa Mãe querida, com o título de Conceição Aparecida.
Neste dia também damos graças por nossas crianças, o futuro do nosso amanhã, os continuadores da fé que abraçamos, de nossa história e dessa devoção tão bonita que temos.
É dia de recordarmos a Mãe de Jesus como Padroeira e Intercessora de cada um de nós e de nossas famílias. Recordamos a aparição e os milagres da Mãe de Jesus, o socorro que esta Mãe querida, Aparecida, concedeu aos pobres pescadores no Rio Paraíba. Na veneração da pequena imagem, o nosso povo presta a sua homenagem à Mae de Deus e nossa Mãe.
Neste dia, também pedimos a intercessão de Nossa Senhora para o nosso querido Brasil e, como precisamos que o nosso país esteja sob o manto da Virgem Maria! Não apenas para que este manto nos cubra, mas para que aprendamos a ser obedientes como os discípulos de Jesus e podermos escutar o que a Virgem Maria disse aos que estavam servindo: “Fazei tudo o que ele vos disser”.
Hoje, a liturgia nos apresenta bonitas leituras que nos trazem uma reflexão profunda acerca da presença de Deus na história de seu povo. Elas nos falam sobre um Plano de Salvação que conta com o SIM de Maria para que esse projeto aconteça.
A Primeira Leitura (Et. 5, 1b-2; 7, 2b-3) que ouvimos nos conta a história da Rainha Ester, que estava para ser exterminada com o seu povo de tradição judaica. Ester não tem medo, mas com sua fé em Deus apresenta-se diante do Rei.
O Rei se encanta com a beleza de Ester e pergunta a ela: “o que queres, Ester?”. E ela lhe responde: “se ganhei a tua graça, ó rei, concede-me a vida e a vida de meu povo”.
Aqui vemos uma mulher que não pede apenas para si, mas tem consciência da necessidade de seu povo.
Isso nos faz refletir que quando abandonamos o nosso egoísmo e olhamos para o sofrimento do outro, a graça e o milagre acontecem e transformação se realiza.
Na Segunda Leitura do Livro do Apocalipse (Ap. 12, 1.5.13a.15-16a), São João nos fala sobre a bonita história da Mãe de Jesus de forma velada, cheia de símbolos.
O livro do Apocalipse, muitas vezes gera medo nas pessoas por acharem que ele fala do fim do mundo. Mas, este não foi o objetivo com o qual o Apocalipse foi escrito e sim, para fazer com que o plano da salvação pudesse chegar a todas as comunidades ameaçadas. Com seus números e símbolos, quem não fosse cristão e tomasse a mão estes textos, não entenderia o que estava escrito.
Alguns destes símbolos vemos na leitura de hoje:
Primeiro, a mulher vestida de sol. Isso significa a proteção de Deus. Ela está grávida e tem na cabeça uma coroa de doze estrelas. Naquela época, o povo entendia que a totalidade dos povos eram apenas as 12 tribos de Israel.
Ter na cabeça uma coroa de 12 estrelas significa que a Mãe de Jesus tem em sua mente todos os povos a quem foi dada como Mãe por seu filho Jesus!
O segundo sinal é um dragão cor de fogo, que vem para devorar a criança assim que nascesse. Aqui, temos uma alusão ao rei Herodes, que logo que soube que o Messias havia nascido mandou matar todas as crianças.
Mas, o projeto de Deus não se finaliza aí. O poder do maligno não consegue superar a graça de Deus ainda expressa naquela que disse SIM para que Deus se fizesse presente em nossa história!
E Maria se faz tão presente na história de seu povo e em nossa história que no Evangelho (Jo 2, 1-11) podemos ver isso de forma muito clara:
A Mãe de Jesus sente as dores e dificuldades de toda a mãe de família, de todo o povo necessitado.
Num casamento judaico, os festejos duravam cerca de uma semana. Assim, era preciso muito vinho. Quando o vinho acaba não se tem mais alegria e não se pode continuar a festa! Por isso, a mãe de Jesus neste momento representa aquela antiga aliança ou a transição para uma nova aliança. Ela está atenta àquilo que está por vir.
O vinho simboliza a alegria e o amor e aquele povo já tinha perdido os dois. Eles estavam esmagados pela dureza das Leis, leis escritas em tábuas de pedra, como aquelas talhas.
Seis talhas, nos diz o Evangelho e, se o número perfeito é sete, estas seis talhas representam a imperfeição porque o povo não estava conseguindo chegar à Misericórdia de Deus.
Maria é justamente aquela que reveste esta história e vai até seu Filho para lhe dizer que eles não tinham mais vinho. Hoje, certamente, a Mãe de Jesus diria a seu Filho:
MEU FILHO, ESTE VOSSO POVO PRECISA DE ALEGRIA! ESTÁ SOFRENDO POR UMA PANDEMIA, PELA PERDA DE EMPREGOS E POR TANTOS ENTES QUERIDOS QUE FALECERAM. SOFRE PELO COMÉRCIO QUE TEVE DE FECHAR, PELO EMPREGO AMEAÇADO, PELA REDUÇÃO DA RENDA QUE TINHA PARA SOBREVIVER. ESTE POVO SOFRE COM CRIANÇAS QUE ESTÃO À MARGEM DA SOCIEDADE, ONDE A EDUCAÇÃO LHES FALTA E ATÉ MESMO O NECESSÁRIO PARA UMA VIDA DIGNA QUE OS PERMITA CRESCER.
Certamente, diria a Mãe de Jesus: ELES PRECISAM DE ALEGRIA E AMOR!
A Mãe é por excelência a que vem para interceder. A mãe é quem primeiro se dá conta das necessidades em casa. É ela quem primeiro sente aS necessidades, antes mesmo delas chegarem aos filhos.
Esta é a Mãe que vem para interceder por nós e que se compadece de nossas dores. Mas, também é a Mãe que cobra uma atitude daqueles que se fazem discípulos de Jesus: Fazei tudo o que ele vos disser!
Maria sabe que quando o ser humano consegue ser obediente, o milagre acontece!
Naquela pesca milagrosa quando Jesus disse: “joguem as redes para a direita” e os discípulos, mesmo resistentes, obedeceram, a rede veio cheia de peixes!
Também numa pesca milagrosa, num primeiro momento não com peixes, mas com a imagem da Mãe de Jesus, dá-se início uma sequência de milagres para mostrar que onde há obediência, onde se escuta a palavra de Deus e se dá atenção para Jesus, a graça acontece!
Maria não chama a atenção para si, do contrario, Ela pede a todo instante: OLHAI PARA MEU FILHO JESUS!
Neste dia, nós somos convidados a agradecer ao Senhor pelas vezes que fomos obedientes! Quando insistimos em nossa teimosia, frequentemente percebemos que tudo seria muito mais fácil se tivéssemos obedecido. Quantas vezes, precisamos aprender com a Mãe de Jesus que, sendo obedientes chegaremos à graça!
Que neste dia, olhando para a Mãe de Jesus que disse: “faça-se em mim segundo a vossa palavra”, que se fez obediente e jamais chamou a atenção para si mesma, mas para seu Filho, possamos agradecer a Deus pela Mãe que Ele nos deu!
Obrigado, Senhor, pela Senhora Aparecida que me convida à oração, me convida a Te ouvir e está sempre atenta para trazer alegria para minha vida e a de minha família!
VIVA A NOSSA SENHORA APARECIDA!