Homilia – 16º Domingo do Tempo Comum (18/07/2021) – “Precisamos de um tempo para descansar com Cristo, Bom Pastor!”

No dia 18 de julho celebramos o 16º Domingo do Tempo Comum.  Numa belíssima e profunda reflexão, Padre Márcio nos falou sobre a misericórdia de Deus manifestada na figura do Bom Pastor.

 

O Padre iniciou sua homilia refletindo sobre o convite que a liturgia de hoje nos faz: a celebrar a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo que tem COMPAIXÃO das suas ovelhas.

Jesus é aquele que se compadece do povo, olha para a sua realidade e não lhe tece críticas, mas olha-o com muito amor e carinho!

 

O povo com quem Jesus se encontra não havia sido bem assistido pelos profetas de sua época e, de acordo com o Padre, o testemunho disso está na Primeira Leitura do Livro do Profeta Jeremias (Jr 23,1-6): “ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho de minha pastagem”.

Naquela época, muitos que eram pastores e deviam cuidar do povo e orientá-lo para Deus, deixavam-no como ovelhas abandonadas. E este povo de distanciou de Deus. Não olhavam para Deus como um Pai Misericordioso e sim como um juiz que vem para dar sentenças e castigar. E assim, o povo não conheceu o rosto misericordioso de Deus.

Como ovelhas sem pastor

O Padre explicou que Jesus em diversas situações quis mudar esse pensamento e destacou que na Segunda Leitura da carta de São Paulo aos Efésios ((Ef 2,13-18) o Apóstolo nos mostra exatamente isso, ao dizer que Jesus derrubou todas as barreiras que separavam os homens de Deus Pai!

Já não há separação entre Deus e o povo porque Deus está presente na história de seu povo e compreende a realidade dele! Isso é muito importante porque as pessoas já não veem um Deus distante, mas que se faz presente em suas vidas!

 

O Padre continuou a homilia nos levando a refletir como seria a nossa vida se Jesus não tivesse REVELADO O ROSTO MISERICORDIOSO DO PAI e concluiu que iríamos cada vez mais perder o ânimo e não conseguiríamos compreender a paternidade de Deus! Segundo ele, é por isso que o Evangelho de São Marcos (Mc 6, 30-34) nos mostra Jesus como o pastor que foi prometido para o seu povo e que sente compaixão ao vê-lo abandonado.

O Evangelho nos apresenta dois momentos em que Jesus se revela como um pastor misericordioso: primeiro Jesus acolhe os discípulos que chegam da missão e depois ele acolhe o povo, que vem ao seu encontro!

 

Sobre Jesus que acolhe os discípulos o padre assim reflexionou:

Jesus é o pastor dos discípulos quando eles voltam da missão! Eles se reúnem e começam a contar tudo o que aconteceu: os milagres que realizaram, as curas e as libertações. Certamente devem ter contado que a multidão era grande! Eram muitas as pessoas que estavam sedentas da Palavra de Deus! Jesus escuta os discípulos e vê a necessidade de uma parada, de um descanso para a interiorização. Após a missão, Jesus leva-os a um lugar tranquilo para poderem descansar.

 

E continuou:

Às vezes nós somos tomados de um ativismo tão grande que não queremos parar. Alguns até dizem: “se eu parar, eu caio”. E ficam em meio a tantos trabalhos que acabam esquecendo de parar até mesmo para rezar.

 

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O Padre ainda mencionou o Catecismo da Igreja Católica onde está indicado que é um perigo acharmos que há coisas mais importantes e urgentes a se fazer e descuidarmos da oração.

É um grande risco deixar a oração sempre para depois ao invés de reservar um tempo ela! Sentar-se para rezar e descansar! Descansar com o Bom Pastor!

Diocese de Patos de Minas » Paróquia Bom Pastor

 

O Padre refletiu também que o Evangelho que ouvimos nos mostra que não basta anunciar a Palavra, é necessário acolher, ter bondade, ternura e disponibilidade, revelando assim o amor de Deus!

Não pensemos que o anúncio da Palavra é menos ou mais importante do que estar na entrada da igreja acolhendo as pessoas. A acolhida é a tradução da vivência da Palavra de Deus. Só consegue acolher bem, ter um sorriso no rosto que tem intimidade com Deus e consegue viver a dinâmica do Evangelho.

 

E acrescentou:

Às vezes, o coordenador de pastoral ou de comunidade se sente cansado e precisa do aconchego e da ternura do Bom Pastor! Somos humanos e temos o nosso cansaço, precisamos de um tempo para descansar com Cristo, Bom Pastor!

 

Refletindo sobre a figura do Bom Pastor, o padre nos ajudou a entender que também exercemos este papel em nossa família. Os pais, por exemplo, são responsáveis pela educação da fé e pelo testemunho no seio de sua família. Dessa forma, também precisam de deserto, de silêncio para a oração! A partir dessa reflexão, fez uma conclusão profunda do que pode acontecer conosco sem vida de oração:


Vamos nos tornar um funcionário do sagrado que não mostra ao mundo o rosto compassivo de Deus! Há um risco muito grande de nós perdermos o sentido profundo da missão. Precisamos resgatar o significado da missão!


Refletindo sobre nossa missão, o Padre falou sobre a importância do testemunho, o que muito mais que nossas palavras fará com que as pessoas se sintam o desejo de conhecer a Deus!

Não que a Palavra de Deus seja menos importante, mas o testemunho e a concretude dessa palavra precisam ir a frente! Quando vemos uma pessoa de Deus nós nos perguntamos: “onde essa pessoa conseguiu isso?” E aí descobrimos que ela encontrou isso em Deus, na oração, na Palavra e assim, queremos também encontrar essa Palavra! O testemunho nos leva à Palavra de Deus, nos leva a amar mais a Deus!

Calem-se as paixões e ressoe a voz do Pastor!

 

Ainda sobre o ativismo em que muitas vezes nos encontramos, o Padre refletiu:

E hoje, quais são os perigos que nós temos? É exatamente irmos em direção ao trabalho em uma frequência tão agitada que acabamos esquecendo da família, da comunidade e que somos pastores nas nossas famílias! Nos envolvemos tanto em atividades sociais, atividades e atividades que acabamos esquecendo de parar para rezar e para nos reabastecer!

 

E continuou:

Nós só podemos oferecer aos outros aquilo que temos! Se não tenho experiência de oração, se não faço a experiência de Deus, como posso levar Deus para as pessoas se eu não consigo fazer essa experiência interior?

 

Finalizando a homilia, o Padre recordou que Jesus é o Pastor do seu povo porque alimenta com a palavra e nutre com o Evangelho a esperança! Assim, também devemos ser:

Cada um de nós é profeta, missionário e pastor do Senhor na sua messe! Foi para isso que fomos batizados e não esqueçamos jamais disso! Que a nossa missão não se encerre com o “amém” após a missa, mas que continue ao sair da igreja!   

 

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