Homilia –Ascensão do Senhor (29/05/2022) – “A subida de Jesus ao céu não é o fim da sua presença entre nós, mas o começo de uma nova missão acompanhada pelo Espírito Santo!”

Amados de Deus, que alegria hoje nos reunirmos como família para celebrarmos a Festa da Ascensão do Senhor, dia em que também rezamos pelas comunicações.

Não é em vão que, justamente hoje, somos chamados a anunciar a Boa Nova do Evangelho como discípulos e missionários do Senhor.

 

Há mais de uma semana, as leituras nos vêm preparando para a festa que hoje celebramos.  Desde a semana passada, vemos Jesus se despedindo dos seus apóstolos, justificando o porquê Ele precisa retornar ao Pai: para que possa enviar o Espírito Santo!

 


Jesus precisa voltar ao Pai para ser o nosso Mediador, aquele que preparará um lugar para cada um de nós, conforme a sua promessa: “na casa de meu Pai há muitas moradas!”


 

Os textos bíblicos que acabamos de ouvir nos fazem refletir sobre esta realidade. Diante destes textos temos que nos sentir motivados a continuar a missão dada pelo Senhor.

 

Todas as leituras de hoje fazem menção a Jesus desde o início de seu ministério, passando por sua Paixão, morte e Ressurreição até chegar ao momento de sua elevação ao Céu.

 

A Primeira Leitura (At 1, 1-11) nos fala da Ascensão do Senhor como uma preparação para os apóstolos.

Esta leitura tem como objetivo nos fazer compreender que a subida de Jesus ao Céu não é uma separação, mas uma continuidade de sua missão: ser o nosso Mediador junto ao Pai e preparar-nos um lugar.

 

Nesta leitura, Jesus também diz: “não vos cabe saber os tempos e os momentos que o Pai determinou com sua própria autoridade”. Por vezes, nós nos questionamos muito sobre quando será a segunda vinda do Senhor e, já naquela época os discípulos também tinham essa preocupação. Mas, notemos que o tempo de Deus é um tempo diferente do nosso.

 

O tempo de Deus é um tempo kairós: o tempo da graça! E o tempo da graça acontece à medida que o ser humano vai crescendo espiritualmente!

 

No céu não há um calendário para marcar os dias, assim como não há relógios para marcar as horas. Estas são formas de mensurar o nosso tempo, o tempo cronos.

Quando estamos num momento agradável com nossos amigos, por exemplo, temos a impressão de que o tempo passa mais rápido. Isso nos mostra que o nosso tempo, o Cronos, está preso às nossas paixões.

 


O tempo de Deus, ao contrário, não está vinculado a nenhuma Paixão e sim, ao crescimento espiritual que cada um de nós deve fazer a partir da escuta da Palavra de Deus.


 

À medida que escutamos a palavra de um jeito diferente, não apenas com os ouvidos voltados para o tempo de hoje ou para nossas paixões, mas com o coração, isso faz toda a diferença: A compreensão é alcançada de fato e assim se consegue o amadurecimento!

 

A Liturgia não pode ser celebrada meramente para cumprir ritualismos e sim, por sabermos que nela fazemos a experiência da comunidade e crescemos espiritualmente.

 


A ouvir a palavra de Deus preciso entender o que ela quer dizer para mim e a que me convoca!


 

Se não ouvimos a palavra como discípulos e missionários do Senhor, que sentido tem a nossa vida? Se a palavra não me faz compreender o sentido da minha vida é como se tudo se esvaísse e perdesse o sentido.

 

A Primeira Leitura também nos fala que os apóstolos estavam todos olhando para o alto. De repente, dois homens vestidos de branco disseram: “homens da Galileia por que ficais aí parados olhando para o céu?”

 

É como se os Anjos pedissem pressa! Assim também nós temos que olhar a nossa volta para vermos a necessidade de anunciar a Palavra de Deus.

 


Não podemos apenas olhar para o céu e ficarmos num estado de conformismo. Precisamos olhar em volta e compreendermos que a missão é urgente!


 

Na Segunda Leitura (Hb 9, 24-28; 10, 1-23), escutamos que a Ascensão do Senhor é a certeza de que ele foi preparar um lugar para nós! Ele não nos abandonou!

 

No Evangelho (Lc 24, 46-53), ouvimos Jesus dizer ao discípulos: “vós sereis testemunhas de tudo isso. Eu enviarei sobre vós aquele que o pai prometeu”.

 

É isso o que acontecerá conosco no próximo domingo, quando celebrarmos a Festa de Pentecostes.

 

Novena de Pentecostes

 


A subida de Jesus ao céu não é o fim da sua presença entre nós, mas o começo de uma nova missão acompanhada pelo Espírito Santo!


 

Assim percebemos de forma nítida o papel da Santíssima Trindade: um Pai que cria por amor, um Filho que visita a criação e conhece a nossa condição humana e um Espírito Santo que age e permanece em nós em nome do Pai e do Filho.

 

A presença de Jesus acompanhará sempre os discípulos e isso não pode ser compreendido de qualquer forma. Temos que ter a certeza de que o Senhor está conosco, afinal ele mesmo prometeu: “eis que estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos” e ainda “Eu enviarei sobre vós o Espírito Santo e ele vos dará palavras tão acertadas que ninguém poderá questionar”.

 

Nesse diálogo com os discípulos Jesus também os prepara para a missão! A missão se realiza acompanhada dos sinais de um Deus que se faz presente na vida de cada pessoa!

 

O retorno de Jesus ao Pai não é o fim daquilo que viveram os apóstolos, mas o início de uma missão que deve ser continuada por cada um de nós.

 


A festa de hoje é importante porque fortalece a nossa esperança na certeza de que viemos de Deus e para ele retornaremos!


A humanidade elevada à glória divina

 

A Ascensão do Senhor deve ser para nós um movimento para o alto, de modo que possamos compreender a nossa missão também como vinda do alto.

Nós não podemos ser missionários simplesmente porque gostamos, isso é muito pouco. Devemos ser missionários porque nos sentimos chamados e escolhidos por Deus! Notemos que isso é muito mais profundo: é uma compreensão da urgência de anunciar a Palavra de Deus.

 


Jesus não sobe ao céu para se afastar da nossa humildade, mas para nos dar a esperança de que um dia todos nós iremos ao seu encontro, conforme Ele prometeu!


 

E qual deve ser a nossa atitude diante desta preparação que o Senhor fará? Aqui, recebemos mesma chamada de atenção que foi feita aos homens da Galileia: “por que ficais aí parados, de braços cruzados, olhando para o céu?”

Não é o momento de olharmos ao nosso redor e iniciarmos a missão que recebemos em nosso batismo, foi confirmada na crisma e é renovada em cada Eucaristia?

 

Nós não podemos participar da celebração da Santa Missa porque é o único evento que temos no domingo. Isso seria associá-la ao tempo do calendário ou a um preceito vazio. Acima de tudo, devemos participar da Missa porque estamos comprometidos com a missão de evangelizar!

 

Divulgada a arte vencedora do concurso para a identidade visual do 56º Dia Mundial das Comunicações - CNBBHoje, nós também celebramos o 56º dia Mundial das Comunicações. O tema para este dia é “escutar com os ouvidos do coração”.

O verbo escutar nos lembra que a comunicação não é apenas falar, mas também ouvir. Não se comunica se primeiro não se escutou! Ninguém pode fazer uma boa comunicação se não tiver a capacidade de escutar o outro.

 

Nesse tempo de Sínodo que estamos vivendo, o Papa Francisco pede para que rezemos de modo que esse tempo seja um tempo de escuta mútua. E, precisamos começar a escutar em nossa casa.

Às vezes, nos isolamos demais: queremos digitar a todo o tempo! As pessoas não querem mais falar e quando falam o fazem por uma gravação de voz, fechada ao diálogo.

 

Mais uma vez: é preciso escutar! Escutar a Palavra de Deus e escutar cada pessoa que convive conosco: em nossa família, em nossa comunidade, na pastoral que participamos.

 

Nesta semana, precisamos também rezar pela unidade dos cristãos. Este é um desejo que deve ser ardente em nosso ser, pois foi dito por Jesus Cristo: “que todos sejam um, como eu e o pai somos um!” Esta unidade também precisa passar pela comunicação!

Que a comunicação estreite cada vez mais os nossos laços. Por mais que hoje tenhamos tantos recursos midiáticos, a comunicação não pode ser vista como algo abstrato. O virtual é uma extensão do real. Aquilo que nossos irmãos estão acompanhando em casa pelas mídias sociais é uma extensão do que nós estamos celebrando aqui.

 

Que o senhor nos ajude para que compreendendo a sua subida ao céu, também compreendamos o sentido de nossa missão na igreja, começando por nossa família.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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