Homilia – 2º Domingo da Quaresma (13/03/2022) – “É pela oração que nós conseguimos compreender qual é a nossa missão”
Meus irmãos e minhas irmãs, este é o Segundo Domingo da Quaresma, preparação que fazemos para celebrarmos a Páscoa do senhor!
A cada domingo, a liturgia nos convida a uma reflexão mais profunda para que, compreendendo o projeto de Deus, possamos descobrir qual é a vontade Dele para a nossa vida.
No domingo passado, refletimos sobre as tentações vividas pelo povo do antigo testamento e por Jesus no deserto.
Com estas tentações pudemos compreender que somos tentados diariamente, em qualquer lugar onde estivermos: em nossa família, no trabalho e até na comunidade.
Vivemos constantemente sobre as ameaças do inimigo que quer nos tirar do nosso propósito: a santidade
Hoje, somos convidados a fazer uma experiência: colocarmo-nos no lugar dos 3 apóstolos e subirmos o Monte Tabor com Jesus, de modo a compreendermos a nossa missão a partir da revelação de Jesus como Filho de Deus.
Jesus nos convida a descermos a Montanha para continuarmos a caminhada!
O Monte Tabor é um lugar de parada. Jesus está caminhando para Jerusalém e para ali para rezar.
No evangelho segundo São Lucas há um destaque especial para a oração. Sempre que Jesus precisa tomar uma decisão importante, recolhe-se para rezar.
No domingo passado refletimos sobre a importância do jejum para vencermos as tentações e, hoje, notamos o quão importante é a oração em nossas vidas!
É pela oração que nos é revelado quem é Jesus. É pela oração que nós conseguimos compreender qual é a nossa missão!
Jesus sobe a Montanha para rezar. A montanha é sempre um lugar de revelação! Lembremos que foi também numa Montanha que Deus deu a Moisés as tábuas da lei.
A montanha era o lugar onde Deus falava ao povo através dos profetas. Por isso, hoje somos convidados a subirmos esta montanha e encontrarmos com Deus através da oração!
Podemos comparar a montanha à Igreja, afinal todos nós viemos aqui para rezar. Mas, não podemos ficar apenas aqui. Devemos sair – descer a Montanha – para servir!
A Primeira Leitura nos fala da experiência de Abraão. Ele já estava em sua velhice e pergunta a Deus: “que frutos terei? Eu não tenho filhos”. Deus então pede a ele que tente contar as estrelas do céu e faz uma promessa: “te darei uma geração tão numerosa quanto as estrelas do céu”.
Abraão é para nós um modelo de fé! Um modelo de quem confia em Deus, aceita seus planos e se põe em missão!
Quantos pais se preocupam em deixar bens para seus filhos e esquecem que o bem mais precioso que podem dar a eles é o amor, o perdão, os princípios morais e éticos. Esta é a maior herança que um pai pode deixar para seus filhos.
Tudo o que é produzido neste mundo é um bem passageiro.
Na Segunda Leitura, São Paulo diz aos Filipenses: “irmãos, nós somos cidadãos do céu”. Viemos de Deus, passamos por este mundo, sofremos as tentações que nos purificam e voltamos para o Pai.
Ele continua: “o Senhor irá transformar o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso”
O nosso objetivo é chegar ao Céu! Assim, não podemos nos apegar apenas aos bens deste mundo, pois eles nos tentam a desviarmos os olhos do nosso objetivo principal: a santidade!
No Evangelho, Jesus está caminhando para Jerusalém com seus apóstolos e começa a falar-lhes do seu sofrimento e morte na Cruz.
Os apóstolos ficaram desanimados e confusos com as palavras de Jesus, pois para eles era difícil aceitar a ideia de um Messias que precisasse passar pela cruz.
Jesus sobe a montanha para rezar e lá, Deus revela novamente quem Ele é!
Aqui, mais uma vez vemos a importância da oração: é a partir da oração que temos as nossas respostas! A oração é o momento em que Deus fala conosco, por isso ela nunca pode ser esquecida.
O Evangelho narra que os apóstolos foram cobertos por uma nuvem e dela saiu uma voz que dizia: “este é meu filho amado, escutai-o”.
Vocês se lembram a última vez que esta voz foi ouvida? No batismo de Jesus: “esse é meu filho amado, no qual ponho todo o meu bem querer”.
Hoje, celebrando a Transfiguração do Senhor também devemos escutar a voz de Deus que diz: “este é meu filho amado, escutai-o”.
O texto diz que estavam Moisés e Elias com Jesus. Mas, depois de um tempo, os dois sumiram e Jesus ficou sozinho.
Isso aconteceu para nos mostrar que, a partir dali, Jesus assume a sua Cruz e entrega-se totalmente por amor!
Neste Evangelho, percebemos também um grande risco que todos nós corremos. Pedro diz: “Mestre, é muito bom estarmos aqui. Vamos construir 3 tendas, uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias”.
Jesus, no entanto, chama os apóstolos a descerem a Montanha e continuarem a caminhada.
Nós também não podemos ficar acomodados em nossas tendas, no alto da montanha. Não podemos ficar na igreja o tempo todo, precisamos sair para enfrentar os conflitos que se apresentam em nossa vida, na comunidade, na família, no trabalho ou onde quer que estejamos.
Nós, católicos, temos a missa dominical como preceito. Desse modo, em todos os domingos fazemos a experiência de subir a montanha e encontrarmos na igreja o Cristo transfigurado!
Mas, depois de nos alimentarmos da mesa sagrada precisamos descer a montanha!
É preciso refletirmos sobre a importância da oração. Se o próprio Cristo teve a necessidade de rezar a todo instante, imagine o quão necessária não é a oração para nós.
Nesta segunda semana da Quaresma o ponto de destaque é a ORAÇÃO!
Precisamos fazer a experiência da oração, trazê-la para a nossa vida!
Como está sua oração pessoal? Se você comesse na mesma proporção que reza, como estaria?
A oração é um diálogo com Deus através do qual compreendemos quem somos, qual é a nossa missão e para onde devemos ir.
Por isso, não descuidem da oração. Tragam sempre na mente o Evangelho do dia. Não esqueçam da Palavra de Deus! O Evangelho é a fonte primeira de todas as orações. É a Palavra de Deus que nos orienta e nos faz refletirmos sobre a necessidade de mudança de vida.
Que o Senhor nos ajude a continuarmos subindo à montanha para rezar, mas sem esquecer de descer para servir!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †