Homilia – 31º Domingo do Tempo Comum (31/10/2021) – “Quem compreendeu a dinâmica do amor conseguiu perceber que não vive para si, mas para o outro!”

Amados de Deus, neste dia em que encerramos o mês dedicado às missões, somos convidados a refletir sobre a importância do AMOR em nossas vidas.

O amor deve ser a motivação para colocarmos a nossa vida a serviço dos irmãos. Foi por amor que missionários e missionárias saíram de suas casas, do conforto de seus lares e foram a lugares diversos levar a Boa Nova do Reino de Deus!

Quem compreendeu a dinâmica do amor conseguiu perceber que não vive para si, mas para o outro!

Hoje, a liturgia nos convida a refletir sobre o maior mandamento: O AMOR!

A Primeira Leitura (Dt 6, 2-6) nos trouxe o fundamento para o primeiro mandamento: “Shema Israel Adonai Eloheinu Adonai Echad”. O povo judeu rezava três vezes ao dia esse versículo: “Ouve Israel, o Senhor Deus é o único Senhor! Amarás o Senhor Deus de todo o teu coração, com toda a tua força e com todo o teu entendimento”.

Esta é uma afirmação na unicidade de Deus e um convite a amá-Lo de todo o coração, com toda a alma e força!

Mas, o povo daquela época não conseguia olhar para os mandamentos de uma forma amorosa, pois não havia uma separação como a que temos hoje entre as Leis Religiosas e as Leis do Estado.

“A Palavra de Deus não aplica multas e não nos faz ir para a prisão. Mas, naquela época era diferente e isso fez com que o povo perdesse a compreensão do Amor de Deus e de que Sua Palavra não tinha o objetivo de punir as pessoas”.

Jesus, no Evangelho (Mc 12, 28b-34), vem nos fazer compreender em profundidade o significado dos mandamentos.

O Levita que vem para interrogar Jesus era um especialista em Leis. Os Levitas não apenas faziam cumprir as Leis, mas eles próprios as criavam. Por isso, ele pergunta: “qual o primeiro de todos os mandamentos?”

Esta era uma pergunta capiciosa para Jesus. Falar de qual era o maior ou o primeiro dos mandamentos naquela época não era uma questão fácil como o é hoje para nós. Muitos respondiam que todos eram importantes. Discutiam sobre as Leis como nós, as vezes, falamos de política e futebol. Era o assunto do cotidiano do povo, porém, um assunto espinhoso para muitos.

Este assunto, muitas vezes causava discórdias ou incompreensões. Mas, Jesus responde citando o primeiro versículo de uma oração que certamente rezou e aprendeu com seus pais.

Sendo de tradição judaica, Jesus rezava três vezes ao dia o Shema Israel. Esta é a oração de todo o judeu, na qual proclamam que Deus é o Senhor da história!

No entanto, a resposta de Jesus não fica somente em falar sobre o Amor que devemos ter para com Deus, ele continua: “o segundo mandamento é amarás o teu próximo como a ti mesmo”.

O maior mandamento é o mandamento do amor que se concretiza em duas dimensões:  no amor a Deus e no amor ao próximo. Deus, que nos fez a sua imagem, jamais exigiria apenas para ele o amor, sem que pudéssemos amar também a sua obra principal: o ser humano!

Os dois mandamentos estão tão unidos a ponto de se tornarem quase inseparáveis, pois o que une Deus e o ser humano é o amor: o amor de Deus para conosco e o amor que devemos ter para com Deus, que nos criou.  Aprendemos a amar porque Deus nos amou primeiro, como nos ensina São João.

Na perspectiva de Jesus, o compromisso religioso se resume no amor a Deus e ao próximo.

Em nossa caminhada, por vezes perdemos ou esquecemos aquilo que é mais essencial: o amor! Por isso, sempre que colocamos amor nas coisas que fazemos elas ficam mais bonitas, independentemente do tamanho da obra.

Jesus quer fazer compreender que a obediência à Lei não pode se resumir ao cumprimento de uma norma ou decreto, mas é preciso compreender o porquê da Lei. Por isso, o Evangelho vem nos dizer que o essencial é o amor de Deus por nós e este, deve ser refletido no amor ao próximo.

Como posso amar a Deus? Jesus deu essa resposta ao povo de sua época e hoje ela se faz clara para nós: “se me amais, guardareis os meus mandamentos”.

Como posso saber se amo a Deus? Se eu consigo ouvir a Sua Palavra e colocá-la em prática! Jesus nos ensinou isso de forma muito simples e com o Seu testemunho. Se amo a Deus, consigo escutar e ser obediente, ao invés de ver na Palavra algo que tire a minha liberdade.

Também nós devemos fazer essa reflexão: eu sou capaz de ouvir e ser obediente à Palavra de Deus? Se a Palavra diz algo contrário às minhas ações, eu sou capaz de mudar meu comportamento? Se sim, significa que eu realmente estou amando a Deus!

E, como posso amar ao irmão? Jesus também deu as pistas para nós: eu amo o meu irmão quando estou atento à ele e sou capaz de agir com CARIDADE.

Uma vez, me perguntaram como podemos saber se perdoamos alguém. O perdão foi dado quando somos capazes de rezar por quem nos fez mal e agir com caridade com esta pessoa. Perdoar não é esquecer, é conseguir ser caridoso com o outro!

Jesus nos dá os elementos essenciais para que nós vivamos o amor a Deus, sendo obedientes à sua Palavra. Nos ensina também como podemos amar o nosso irmão e olhá-lo com caridade.

Sem o irmão, não poderíamos expressar nosso amor e generosidade! Sem o outro, não haveria razão para o amor e o perdão existirem.  Precisamos redescobrir o amor, a solidariedade, o serviço e a partilha, o dom da vida à qual fomos chamados!

 

Estas duas dimensões do amor não excluem uma a outra, mas do contrário, se complementam e nos fazem compreender o Amor de Deus.  O amor não diminui ou se fragmenta quando se aumenta o número de pessoas que amamos.

Amar a Deus é cumprir a sua vontade, e a vontade Dele é que façamos de nossa vida um dom de amor, serviço e entrega, principalmente aos que mais precisam!

Como vivemos nossa caminhada religiosa? Precisamos resgatar o significado do amor para que os nossos gestos e palavras tenham esse ingrediente especial e assim, cada pessoa se sinta amada, valorizada e acolhida na igreja!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †