Homilia – 22º Domingo do Tempo Comum (29/08/2021) – “Deus não olha para as práticas externas e formais, mas para o interior da pessoa, para a pureza de seu coração”
Meus irmãos e minhas irmãs, encerramos neste domingo o mês dedicado às vocações. Durante este mês, a cada domingo rezamos por uma vocação específica e hoje lembramos nossos catequistas, aqueles que nos deram as primeiras instruções para a fé e para que pudéssemos receber os sacramentos.
A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre as Sagradas Escrituras e sobre o sentido da Lei.
No Antigo testamento, não havia uma Constituição ou um Código de Direito Civil como temos hoje. Então, a Palavra de Deus, representada pelos 10 mandamentos, era a Lei que orientava todo o povo.
Se olharmos para os 10 mandamentos vamos observar que o que está na sua centralidade é o valor da vida de cada pessoa. Assim, o decálogo era para proteger o ser humano. Servia para orientar e conduzir o povo para o bem, por isso devia ser observado!
Na Primeira Leitura do Livro do Deuteronômio (Dt 4, 1-2.6-8), nós vemos que a Lei de Deus é um caminho seguro para a felicidade e para a vida plena.
NINGUÉM NUNCA COMETEU ERROS QUANDO FOI OBEDIENTE À PALAVRA DE DEUS.
Moisés recomendou que não se acrescentasse ou tirasse nada daquilo que foi escrito e pedido ao povo. Mas, os judeus multiplicaram os preceitos, as normas e as leis.
Assim, ao invés de ser um sinal de aliança, liberdade e proteção para os pequeninos, a Lei acabou se tornando um jugo insuportável e o ser humano foi ficando esquecido, justamente ele que era o mais importante e que estava na centralidade da Lei.
Na Segunda Leitura da carta de São Tiago (Tg 1,19-19.21b-22.27), o apóstolo nos faz lembrar: “irmãos, sede cumpridores da palavra e não meros ouvintes”.
A verdadeira religião não consiste apenas em cumprir ritos, normas. Mas, na prática do amor e do perdão!
A Palavra de Deus chega a nós para que possamos cumprir o que nela é orientado, mas não deve servir jamais para afrontar alguém ou ser usada para nos motivar a ritualismos sem sentido.
Por isso, nós vamos observar a atitude de Jesus no Evangelho (Mc 7, 1-8.14-15.21-23). Ele nos fala do sentindo profundo da Lei.
Os fariseus, que tramavam contra a vida de Jesus, eram profundamente exigentes na observância das Leis e se escandalizavam porque os apóstolos de Jesus não lavavam as mãos para comer o pão.
Esta, na verdade, era uma prescrição humana! Jesus não era contra as prescrições, mas contra os ritualismos que valorizavam apenas as normas e se esqueciam do ser humano. É por isso que Ele denuncia que aquele povo tem um espírito mesquinho: “hipócritas! Vós abandonais os mandamentos de Deus e se apagais à tradição humana”.
Deus não olha para as práticas externas e formais, mas para o interior da pessoa, para a pureza de seu coração. As Sagradas Escrituras devem ser para nós um caminho! A verdadeira religião não se resume no cumprimento formal das leis, mas num processo de conversão que leve a uma comunhão com Deus e a viver uma real partilha de amor com os irmãos.
Jesus veio para nos libertar de uma religião apenas de aparências exteriores e nos levar a viver uma religião interior, em espírito e em verdade.
Por isso, os catequistas deixam seus afazeres em casa para darem as primeiras instruções a pais, padrinhos, crianças, jovens e adultos. Pois sabem que a Palavra de Deus pode transformar corações.
Catequistas, obrigado pela nobre missão que vocês assumiram! Por fazerem vibrar, arder o coração de cada catequisando com a Palavra de Deus para que vivam a fidelidade e descubram suas vidas no Cristo, Pão da Palavra e Pão Eucarístico. A vocês, nossa gratidão!
Que neste dia, o nossos carinho e nossa oração cheguem aos nossos irmãos em forma de gratidão e de graças!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †