Homilia – 4º Domingo da Quaresma (27/03/2022) – “Deus é a misericórdia infinita que corre ao nosso encontro!”

Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no 4º Domingo da Quaresma. Este é o Domingo Laetare ou Domingo da Alegria.

E por que celebramos este Domingo como o da Alegria? Porque hoje as leituras nos fazem lembrar o fim do sofrimento do povo que estava caminhando no deserto, o que foi para eles um motivo de grande Alegria!

 

A Liturgia de hoje também nos faz recordar que a penitência não é feita por gostarmos de sofrer. Do contrário, nós a realizamos porque queremos nos livrar de tudo o que nos machuca, nos faz sofrer e nos tira a alegria: o pecado.

 

Ao entrar na vida do ser humano o pecado promove uma tristeza profunda e tira a sua dignidade.

 


A Liturgia nos convida a nos alegrarmos com a Misericórdia que Deus tem por cada um de nós quando fazemos o caminho de volta, retornando para a Igreja convertidos!


 

Hoje, celebramos também a grande alegria de fazermos parte da família de um Deus que nos acolhe e sempre nos chama a celebrar a sua Misericórdia!

 

A Primeira Leitura (Jos 5, 9a. 10-12) nos fala da história de um povo que caminhou pelo deserto e teve que se desfazer de muitas coisas, afinal quem caminha pelo deserto não pode andar com excessos.

Este povo chega à Terra Prometida e celebra pela primeira vez a Páscoa! É um povo que fez a experiência de 40 anos caminhando para se reconciliar e reconhecer a misericórdia de Deus!

 

Na Segunda Leitura (2Cor 5, 17-21), São Paulo nos fala da Misericórdia de Deus e garante que a maior prova de que Deus é amoroso e misericordioso é a revelação de Jesus.

 

A comunhão com Deus exige a reconciliação com Ele e com o próximo! Olhar para o próximo e não ver apenas as suas limitações.

Eu não sou minhas limitações ou os erros que cometi, mas sou a graças de Deus posta em minha vida para superar as minhas limitações! Por vezes, confundimos as pessoas com os seus erros e esquecemos que elas também são imagem e semelhança do criador, assim como nós!

 

São Paulo nos faz recordar que agora tudo é novo pois tudo vem de Deus! Se na antiguidade pouco se falava da Misericórdia de Deus, em Jesus Cristo a Misericórdia é destacada!

 

Ao ouvirmos o Evangelho deste domingo (Lc 15, 1-3.11-32), já nos primeiros versículos lembramos da história do filho pródigo.

Eu costumo me perguntar se as pessoas compreendem o significado do filho pródigo ou gastador. A palavra ‘pródigo’ significa aquele que gasta o que lhe foi dado. Mas, não devemos nos prender ao significado da palavra, pois isso é facilmente encontrado no dicionário. Acima de tudo devemos compreender o significado profundo desta parábola!

 

Muitas vezes, destacamos neste Evangelho o pecado do filho e pouca atenção damos ao seu arrependimento e humildade. Assim, ao invés de dizermos Evangelho do Filho Pródigo, deveríamos dizer: Evangelho do Filho Arrependido!

 

Além disso, muitas vezes esquecemos o ponto principal desta parábola: A MISERICÓRDIA DO PAI!

Portanto, o nome mais adequado para esta parábola é: parábola do pai misericordioso! Deveríamos deixar um pouco de lado o pecado e darmos destaque para a grande Misericórdia de Deus!

 

O pai do Evangelho que ouvimos se comove com a volta do filho perdido pelo pecado. Por isso, ele diz: “estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado!”

 

Esta é a imagem do pai do céu refletido no rosto de Jesus!

 

O Evangelho também nos diz que ao avistar o filho o pai foi tomado de compaixão. Este é o sentimento que Deus tem por cada um de nós!

Em diversas passagens do Evangelho vemos o relato de que Jesus olhou para o povo e foi tomado de compaixão! A compaixão de Jesus é a compaixão do Pai!

 

Diante disso, podemos nos perguntar o porquê de Jesus ter contado esta parábola? Os fariseus e os escribas que estavam ali eram pessoas que cumpriam rigorosamente a Lei, mas tinham dificuldade em compreender o perdão! Eles criticavam Jesus por estar perto e até comer com os pecadores. Por isso, em vários momentos Jesus disse: “não são sadios que precisam de médico mas os enfermos”.

Jesus conta parábola do pai misericordioso para mostrar o comportamentos: o do FILHO MAIS NOVO, que deixa seu pai e vai esbanjar a herança e do FILHO MAIS VELHO, que não quer aceitar o retorno do irmão

 


O Pai é o que une estas duas realidades para mostrar que o amor promove a superação!


 

O filho mais novo, numa atitude de orgulho e desprezo afasta-se de seu pai e de sua família, renunciando à condição de filho para viver longe! Depois de um tempo, ele passa a viver como um empregado e não recebe sequer a comida dos porcos.

 

Já o filho mais velho era aquele bonzinho e que fazia tudo o que o pai queria. Era o filho sóbrio, obediente e trabalhador, mas que não tinha a capacidade de perdoar o próprio irmão.

Ele era muito bom, muito correto, mas não conseguia se abrir à misericórdia! Não aceita o retorno de seu irmão e não consegue perdoá-lo.

 

O pai é o personagem principal desta parábola! Ele sai ao encontro do filho que retorna e, antes mesmo de ouvir o discurso preparado pelo filho, dizendo que merece ser tratado como um empregado, o pai o abraça, manda que seja colocado um anel em seus dedos e sandálias em seus pés.


Essa atitude do pai nos mostra que a misericórdia de Deus nos promove!


 

Deus reconhece as nossas limitações e consegue entender o nosso coração, mesmo que não lhe digamos o nosso discurso!

 

Sagrado Coração de Jesus: fonte de inesgotável misericórdia - Portal Divina Misericórdia

 


DEUS É A MISERICÓRDIA INFINITA QUE CORRE AO NOSSO ENCONTRO!


 

Mas, o pai também sai ao encontro do filho mais velho que ficou do lado de fora, sem querer entrar. Este filho também faz um discurso: “eu estou o tempo todo contigo e nunca me destes nada para celebrar com meus amigos”.

 

O pai reforça que tudo o que é dele também pertence ao seu filho. Mas, o filho mais velho permanece em diferente à misericórdia do pai.

 

O que esta parábola quer nos ensinar hoje?

Acima de tudo, que podemos até abandonar e rejeitar a nossa dignidade de filhos, mas jamais deixaremos de ser filhos de Deus!

 


Deus nunca abandona a sua missão de Pai! Ele sempre se faz presente em nossa vida! Mesmo que não o reconheçamos sempre como nosso pai, ele permanece nos olhando como seus filhos!


 

Deus sempre vai a procura daqueles que se perderam, dos que sofrem e precisam de misericórdia. E, ao encontrá-los, Ele festeja o retorno!

 

A oração do pai reflete também a atitude de Jesus que deve ser a nossa atitude: uma atitude de compaixão e de misericórdia!

E nós? Com qual dos dois filhos nos identificamos? Com o mais novo, que errou, abandonou a casa de seu pai e com humildade precisou voltar? Ou com o filho mais velho: intransigente, ciumento e invejoso? Que parece ser muito bonzinho, mas que não tem a capacidade de amar?

Às vezes, nós nos parecemos um pouco com o filho mais velho, mas às vezes também nos comportamos como o filho mais novo.

 

No entanto, a atitude mais coerente não é a de nenhum dos filhos e sim a do pai que age com misericórdia e dá liberdade.

Deus também nos trata com liberdade! Nós somos livres para tomar as nossas decisões e, independentemente de quais sejam, Deus continua nos amar, nos esperar e perdoar!

 


Deus está sempre pronto a nos receber de braços abertos!


 

Ao contar esta parábola, Jesus quer que os fariseus compreendam que eles são sim muito certinhos e obedientes, mas falta-lhes o essencial: a misericórdia e o perdão!

 

Neste Domingo da Alegria devemos nos alegrar com a misericórdia de Deus! Ele sempre está disposto a nos perdoar, nos abraçar e fazer festa com o nosso retorno, quando recuperamos a dignidade de filhos amados!

 

Além disso, precisamos reconhecer que o nosso irmão precisa da misericórdia de Deus tanto quanto a gente!

O  meu irmão é tão limitado quanto eu, e precisa da misericórdia de Deus da mesma forma que eu!

 

Por isso, quando formos rezar o Pai Nosso, não esqueçamos o que o texto diz: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.

 

Que o Senhor nos conceda a graça de, neste dia, nos alegrarmos com a Sua Misericórdia!

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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