Homilia – 3º Domingo da Quaresma (20/03/2022) – “A conversão é um voltar-se para Deus de todo o coração”

Meus irmãos e minhas irmãs, estamos no terceiro Domingo da Quaresma. Nesta semana, a Liturgia nos convida à conversão através do exercício da humildade, que deve fazer-se presente em nossa vida e em nossa história.

Devemos ser humildes para reconhecermos nossas culpas e pequenez, para assim continuarmos nosso caminho de conversão.

 


Converter-se é mudar a direção para encontrar-se com o Senhor!


 

A conversão é processual e se renova a cada dia. Ela tem um início, mas nos acompanha em todo o curso da vida até chegarmos à eternidade,

Por isso, precisamos nos desfazer de tudo aquilo que seja sedutor aos nossos olhos, mas nos impedem de ver a Deus!

 


É preciso tirarmos as sandálias, ou seja, tirarmos aquilo que nos parece cômodo para nos revestirmos de humildade e podemos pisar na terra da santidade.


 

Se não fizermos isso, vamos continuar a repetir os mesmos erros de nossos antepassados que saíram da escravidão do Egito.

 

A Primeira Leitura (Ex 3, 1-8a. 13-15) nos fala da conversão de Moisés. Uma conversão acompanhada de uma missão muito bonita!

 

Moisés estava apascentando o rebanho de seu sogro e de repente, notou algo diferente: viu que havia uma sarça que pegava fogo, mas não se consumia, ou seja, continuava da mesma forma.

 

Ele se aproximou para ver o porquê da sarça não se consumir. Então, Deus lhe disse: “tira as sandálias, pois a terra onde pisas é Terra Santa”

Terra Santa como esta igreja. Aqui, participamos de muitos sacramentos. É um lugar Santo e deve ser pisado com respeito!

 

Ao pedir que Moisés tirasse as sandálias, Deus queria que ele se revestisse de humildade para tocar aquele lugar santo.

 


Moisés precisa voltar ao pó, pisar o pó de onde veio para que se reconheça como pequeno diante da grandiosidade de Deus! Ele precisa reconhecer que tudo o que ele é e conquistou vem de Deus!


 

Da mesma forma, nós precisamos olhar para a nossa história, nossa realidade, e percebemos que tudo o que somos e conquistamos, seja material ou espiritual, tudo é graça de Deus e não mérito nosso.

 


BASTA A GRAÇA DE DEUS SAIR DE NOSSA VIDA PARA PERDERMOS TUDO!


 

Somente após Moisés reconhecer aquele lugar como uma terra santa a ser pisada com humildade que Deus lhe confia a missão de acompanhar o seu povo.

 

Este povo conduzido por Moisés também precisava fazer um caminho de conversão e purificação:

Somente na caminhada pelo deserto, passando por privações de água, comida e conforto que o povo conseguiu entender que Deus estava sempre ao seu lado.

 

Precisamos passar por provações! Por isso, os exercícios quaresmais são tão oportunos, pois nos ajudam a rever nossa história.

 

Pelo JEJUM, percebemos que a fome fere, dói o estômago e pesa ao corpo. Quando nos falta a ORAÇÃO, nos afastamos de Deus e nos sentimos sozinhos e abandonados. Quando nos falta a CARIDADE, não conseguimos ver o quanto os outros sofrem.

 


Deus se apresenta a Moisés como ‘EU SOU’. Deus é aquele que existe, aquele que é e sempre será presente em nossa história!


 

O Deus que caminhou com o povo no deserto é o Deus libertador! Mas, é também aquele que exige uma luta constante e permanente contra tudo o que nos escraviza e possa nos distanciar de Seu amor.

 

Por isso, na Segunda Leitura (1Cor 10, 1-6.10.12), São Paulo faz um resgate da história da salvação, recordando que o povo que saiu da casa da escravidão, continuou pecando contra Deus.

 


São Paulo quer nos fazer perceber que não podemos achar que já estamos com o Reino de Deus garantido apenas pelo fato de participarmos da Santa Missa.


 

Na verdade, é preciso muito mais que isso! É preciso uma comunhão profunda com Deus que se transforme em gestos concretos de amor, perdão e fraternidade!

Viver somente para praticar ritualismos não nos aproxima de Deus! É preciso darmos o nosso testemunho, manifestado através do amor ao próximo!

 

No Evangelho (Lc 13, 1-9), Jesus faz um apelo à conversão! Mas, como podemos nos converter? Como podemos mudar de vida?

A conversão acontece ao começarmos a realizar boas obras que correspondam a um amor generoso por Deus! Eu manifesto minha conversão quando sou capaz de perdoar e tenho a humildade de pedir perdão!

 

Ao contar a parábola da figueira estéril, Jesus quis mostrar que o povo de Israel tinha uma resistência muito grande à conversão! Era um povo de cabeça dura que apenas seguia os mandamentos ao pé da letra e achava que Deus tinha a obrigação de salvá-lo, simplesmente por cumprir a Lei!

 

No entanto, o povo de Israel se esquecia do espírito da Lei: O AMOR! O amor deve se fazer presente na vida de cada pessoa convertida!

 

De que adianta cumprirmos os preceitos se não conseguimos testemunhar em nossa vida o amor, o perdão e a misericórdia que recebemos de Deus?

 

Jesus mostra também com essa parábola que a misericórdia e a paciência de Deus conseguem esperar, mas é necessário que nossa resposta seja condizente!

 

O texto do Evangelho diz: “Senhor, deixa-a ainda este ano. Vou cavar em volta da Figueira, colocar adubo, talvez no próximo ano ela dê frutos”.

 

Que tristeza seria se o Senhor se aproximasse de nós e perguntasse: “quais os frutos que você conseguiu gerar? Você foi batizado, fez catequese, seus pais te ensinaram a rezar, você participou da missa todos os domingos, mas quais frutos você produziu?

 


A conversão é um convite para uma mudança de vida, de mentalidade e de atitudes, de forma que Deus passe a estar presente em nossa vida como uma prioridade! A conversão é um voltar-se para Deus de todo o coração, é olhar para Deus e saber que Nele está a nossa existência!


 

Recebemos muitas graças de Deus! Quantos catequista se empenharam para nos dar catequese e nos ensinar os elementos essenciais de nossa fé! Quantas formações já fizemos! Quantas palestras já ouvimos!  E onde estão nossos frutos?

Foi ofertado demais a nós! Por isso, precisamos produzir frutos! Se não produzirmos frutos é um sinal de que estamos no mesmo lugar que a figueira estéril: sem frutas e que ao ser cortada não fará diferença alguma!

 

Se não dermos frutos não produziremos amor, alegria e perdão. Não multiplicaremos a graça e a misericórdia de Deus! É preciso uma resposta!

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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