Homilia – 2º Domingo do Tempo Comum (16/01/2022) – “Deus é verdadeiramente o esposo da terra de Israel”

Meus irmãos e minhas irmãs, é com alegria que nos reunimos hoje como família de Deus para celebrar esta Santa Eucaristia.

 

Neste dia em que retomamos a caminhada do Tempo Comum, contemplamos a vida pública de Jesus cumprindo a sua missão, anunciando a Boa Nova do Reino e provocando a libertação com os milagres.

 

No domingo passado celebramos o Batismo do Senhor, recordando o primeiro sacramento que recebemos ao ingressarmos na Igreja. Hoje celebramos o matrimonio de Deus com seu povo, recordando o matrimonio de nossos pais e de todos os que são casados.

 

As Bodas de Caná nos fazem refletir sobre a relação de AMOR e FIDELIDADE de Deus para com seu povo. Deus estabeleceu uma aliança de amor com seu povo quando disse: “Eu serei o vosso Deus e vós sereis o meu povo”.

Mas, ao longo da caminhada esse povo várias vezes foi infiel: adorou outros deuses e permitiu que influências de outras religiões entrassem na terra de Israel, a ponto de o povo ser levado para o exilio na Babilônia, ter o seu Templo destruído e sua história pisoteada.

 


Mas, Deus continuou fiel ao seu povo e à Aliança que havia feito! Perdoou-o, deu-lhe amor e carinho e retomou a Aliança com ele!  A maior prova desta aliança de amor é que Ele envia seu Filho ao mundo para confirmar o seu amor e misericórdia!


 

Enviando Jesus ao mundo, Deus confirma que continua amando sua obra mais bela: o ser humano. Isso pode ser percebido na Primeira Leitura (Is 62, 1-5), tirada do livro do profeta Isaias, ao contemplarmos o matrimonio como o símbolo da união entre Deus e a humanidade.

 

“Como a noiva é a alegria do noivo, assim também tu és a alegria do seu Deus”. Não resta dúvida de que Deus é verdadeiramente o esposo da terra de Israel. O esposo que cuida com amor, perdoa e acompanha.

Deus é eternamente fiel! O povo é que esqueceu da Aliança e se distanciou de Deus!

 

Na Segunda Leitura (1Cor 12, 4-11), o apóstolo São Paulo nos leva a uma reflexão profunda do matrimonio de Deus com seu povo observando os dons que são concedidos à comunidade.

 

Ao chegar na comunidade de Corinto, São Paulo enfrenta um problema muito grande: os dons se tornaram motivo de disputa e vangloria, longe do serviço aos irmãos.

 

Na união com Deus surge diversos e diferentes dons. Quando nós reatamos a aliança com Deus muitos dons se apresentam em nossa vida, dons que nem sabíamos que tínhamos!

Às vezes, chegamos como uma pedra bruta. Mas, no processo de convivência na Igreja e tendo presente a aliança de Deus conosco, os dons vão se apresentando. Quantas vezes achamos que não sabemos nada e nos surpreendemos com os dons que temos! E, quanto mais os dons são colocados a serviço da comunidade, mais eles são multiplicados!

 

Da aliança com Deus brotam muitos dons! Se você ainda não conhece o seu dom, lembre-se da aliança de Deus e coloque-se a serviço da comunidade que os dons irão se revelar.

 


É essencial que na comunidade se revele o amor que une o Pai, o Filho e o Espírito Santo! Por isso, somos batizados nessa Trindade Santa e cada sacramento nos faz recordar a presença da Trindade em nossa vida!


 

O Sacramento do Matrimônio que nossos pais receberam foi motivo de muita alegria, não apenas naquele dia, mas até hoje! Aliás, os filhos são a alegria do Matrimônio dos pais!

 

O Evangelho (Jo 2, 1-11) também nos fala do Matrimônio e acentua o primeiro milagre de Jesus, acontecido numa festa de casamento para a qual Ele, sua mãe e seus discípulos tinham sido convidados.

O objetivo desse Evangelho é apresentar a importância do Matrimonio entre Deus e a humanidade. Não podemos olhar apenas para este fato como um acontecimento histórico no qual Jesus transformou a água em vinho. Olhemos para este milagre trazendo presente o Sacramento do Matrimonio e o fruto do casamento!

 

Cada detalhe do Evangelho mostra o profundo desejo de Deus Pai criador em fazer aliança com seu povo!

 

As celebrações dos matrimônios judaicos duravam vários dias. Nesses dias, os convidados não iam apenas para comer e beber, mas para conviver com os noivos e suas famílias.

 

No Evangelho de hoje vemos que no decorrer da festa acabou o vinho. Para o povo de Israel o vinho era sinal de alegria, felicidade e amor.

 

São João nos conta mais que uma história de casamento. Sua intenção é mostrar que a Antiga Aliança havia perdido o sabor, a alegria e a felicidade. Estava voltada para o legalismo da Lei Mosaica.

Estas pessoas estavam presas a uma Lei muito dura e, por isso, as talhas do Evangelho eram feitas de pedra, recordando as tábuas da Lei. Além disso, era 6 talhas, um número imperfeito.

 

Jesus manda encher as talhas de Pedra de água, pois Ele é a Água Viva! É preciso revestir a dureza que o povo vivia com Vida e Vida em Abundância!

 


Jesus transforma a água, símbolo da vida, em vinho, símbolo da alegria, pois a vida precisa ter alegria!


Coluna do Padre Élcio: “Fazei tudo o que meu Filho disser”. | Fratres in  Unum.com

 

É necessário termos alegria em nossas famílias: a esposa precisa ser alegria para o esposo e o esposo a alegria da esposa!

 

Acompanhado da alegria são necessários o amor e a fidelidade. Estes são elementos essenciais para que a família possa caminhar, partilhar os dons e colocar-se a serviço de todos!

Não há na família um filho mais importante que o outro. Da mesma forma, o marido não é mais importante que esposa ou a esposa mais importante que o marido. Todos são importantes e devem colocar os seus dons a serviço da família.

 

A fidelidade no matrimonio não é exclusiva do esposo ou da esposa. Quando falta a fidelidade, esta falta se dá para com todos: esposos e filhos.

 

Neste exercício de amor e fidelidade recordamos a aliança que Deus fez conosco! A data do matrimonio precisa ser lembrada para que nas dificuldades se recorde a alegria desse dia!

 

Recordando as Bodas de Caná olhemos para a Virgem Maria que mesmo sendo apenas uma convidada está atenta e se preocupa com a falta de alegria.

 

Outra figura importante para a qual devemos olhar é o Mestre Sala que ao experimentar exclama: “tu guardaste o vinho bom até agora”.

 


O Mestre Sala é a figura de quem se deu conta do novo, do vinho bom que chegou!


 

Também, vemos os discípulos que acreditaram em Jesus.

É preciso olharmos para cada Eucaristia e vermos o corpo e o Sangue de Cristo que vem a nós para trazer a alegria de viver e resgatar a nossa fidelidade! Que vem nos fazer compreender que fomos escolhidos por Deus e assim, podemos vencer toda a dificuldade!

 

Por que buscar outra coisa se podemos buscar o vinho da alegria?

 

Que hoje, recordando o matrimonio de Deus com seu povo, recordemos o matrimonio de nossos pais, do qual somos fruto, e o de todos aqueles que se deram em matrimonio, numa aliança de amor e fidelidade.

 

Rezemos por nossas famílias para que continuem produzindo alegria, vinho novo para a humanidade.

 

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †

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