Homilia – 28º Domingo do Tempo Comum (10/10/2021) – “É preciso fazer-se humilde, pequeno, abandonar os excessos para podermos seguir a Jesus!”
Amados de Deus, estamos no mês dedicado às missões. O tema do mês missionário deste ano é “Jesus é Missão” e o lema “Não podemos deixar de falar sobre o que vimos e ouvimos”. É missão de todo o cristão católico e batizado ser um evangelizador.
A liturgia deste domingo nos convida a refletir sobre as escolhas de nossa vida:
Estamos constantemente fazendo escolhas. Escolher uma coisa, significa renunciar a outra. E escolhemos a todo o momento. Até quando dizemos que não vamos escolher, estamos fazendo uma escolha. A vida é feita de muitas escolhas e é preciso que elas sejam feitas à luz da Palavra de Deus!
Quando escolhemos por impulso, muitas vezes nossas escolhas podem nos levar a precipícios. Um homem e uma mulher sábios são os que se entregam nas mãos de Deus antes de tomar qualquer decisão.
A Primeira Leitura (Sb 7, 7-11) que ouvimos hoje nos fala da escolha de Salomão. O texto nos indica que Salomão preferiu a Sabedoria de Deus a qualquer outro bem.
Conta-nos a história que Salomão, um jovem rei recém-coroado, vai ao Templo oferecer sacrifícios a Deus. O Senhor fica satisfeito e diz a Salomão: “pede-me o que queres e eu te darei”. Salomão respondeu: “Eu sou um adolescente. Dai-me um coração sábio, capaz de julgar o vosso povo e a discernir entre o bem e o mal”.
O pedido de Salomão agradou a Deus, que lhe disse: “já que não pedistes vida longa, riquezas ou a morte de teus inimigos, mas pedistes Sabedoria, o teu pedido será concedido”.
Salomão, escolhendo a Sabedoria, bem governou o seu povo, porque a Sabedoria concedida ao ser humano é capaz de gerar muitas riquezas espirituais.
O homem não vale apenas pelo que possui de material, pois isso pode ser perdido no imediato da vida. Mas, a Sabedoria de Deus, faz com que o ser humano, mesmo que perca todos os bens deste mundo, não perca o mais valioso, aquele verdadeiro tesouro que levaremos conosco para a eternidade!
A Segunda Leitura (Hb 4, 12-13) nos convida a escolher a Palavra de Deus, ao invés de tantas futilidades: “escolhei, pois, a Palavra. Ela é viva, eficaz e mais penetrante que uma espada de dois gumes. Ela ajuda a discernir entre o bem e o mal”, a fazer a escolha certa.
Quantas escolhas erradas já fizemos em nossa vida e tivemos que voltar atrás, arrependidos ou com o orgulho ferido! Em nossas escolhas, temos que ter a consciência de que ali também está um exercício de humildade. O sábio é humilde!
O Evangelho (Mc 10, 7-30) nos mostra uma outra escolha, a do jovem rico, que diferentemente de Salomão, não ficou com a Sabedoria de Deus!
Jesus está ensinando aos seus discípulos e de repente, um jovem se ajoelha e pergunta o que deve fazer para conseguir a Vida Eterna. Jesus propõem para ele que cumpra mandamentos. Os mandamentos foram escritos em duas tábuas: a primeira, fala sobre o amor a Deus; a segunda, sobre o amor ao amor ao próximo!
O jovem rico responde dizendo que tinha observado estes mandamentos desde a sua juventude. Notemos que era alguém muito fiel à Lei, mas que queria algo a mais!
Jesus olha para ele com amor e o convida a participar da comunidade. Mas, para fazer este caminho de fidelidade eram necessárias três atitudes:
- Desfazer-se de seus bens;
- Partilhar com os pobres;
- Seguir Jesus com amor, entregando-Lhe sua vida!
Notemos que esta é uma escolha comprometedora. Ele tinha a opção de seguir Jesus, renunciando a todos os seus bens, ou ficar com todos os seus bens e deixar Jesus!
Este era o algo a mais que faltava na vida deste jovem. Faltava isso para ele passar da vivência tradicional da observância da Lei para uma religião na qual a vivência se expressa na concretude!
Mas, o jovem prefere a segurança das suas riquezas e por isso, o Evangelho nos diz que ele foi embora triste, pois era muito rico. Diante disso, Jesus comenta: “como é difícil um rico entrar no Reino de Deus”.
Vou contar um detalhe deste Evangelho: havia em Jerusalém uma porta chamada ‘buraco da agulha’: uma porta estreita e com um buraco. Mas, quando se passava por ela, se encurtava o caminho quando se ia para a direção leste.
Este era um caminho comum aos comerciantes, que por ali passavam com camelos cheio de mercadorias. No entanto, para atravessar a porta era necessário tirar toda a carga do animal e fazê-lo se ajoelhar.
É por isso que Jesus diz: “é mais fácil um camelo passar no buraco da agulha que um rico entrar do Reino do Céu”.
A moral da história é: para passar por esta porta é preciso tirar os excessos, e em seguida, fazer-se humilde, colocando-se de joelhos. Se não tirarmos os excessos e nos fazermos humildes, jamais conseguiremos passar pela ‘porta estreita’.
A reação do jovem nos mostra um fato: quanto mais riqueza alguém possui, maior é a tentação de se apegar aos bens e buscar acúmulos sobre si e sobre seu coração a ponto disso se tornar um obstáculo para o Reino de Deus.
O caminho do Reino deve ser percorrido no amor, na solidariedade, no serviço ao irmão, na partilha, na verdade e no dom da vida para com todos.
Hoje, podemos nos perguntar: Mas, quem era esse jovem? O Evangelho não diz o seu nome, porque ele pode ser qualquer um de nós quando nos apegamos às coisas deste mundo! Podemos ser esse jovem quando nos apegamos aos nossos bens – ou até ao pouco que temos – e deixamos de seguir a Jesus.
Neste mês dedicado às missões como precisamos fazer o caminho do missionário! O missionário não consegue carregar muitas coisas, no máximo uma bolsa ou uma mochila. Se carrega mais que isso, não consegue caminhar! O missionário se faz humilde, considerando que o outro é muito importante!
Devemos distribuir as riquezas espirituais que possuímos! Quando já aprendemos? Quantos cursos já fizemos? Quantas vezes já comungamos? Quantos Sacramentos recebemos? Tudo isso é uma riqueza espiritual e é justo que partilhemos dela com nossos irmãos!
É preciso fazer-se humilde, pequeno, abandonar os excessos para podermos seguir a Jesus!
Neste dia em que nos reunimos como família de Deus para celebrar a Santa Missa, olhemos para cada pessoa e vejamos que a maior riqueza que temos é a amizade daqueles que convivem conosco! Através deles, podemos nos aproximar mais de Jesus e nos tornarmos verdadeiros missionários!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo †
